O salmo vinte e três é um dos primeiros salmos que decoramos quando aceitamos a Jesus. É sempre tão reconfortante recitar que o Senhor é nosso pastor, que ele nos leva a águas tranquilas, que refrigera a nossa alma, derrama óleo sobre a nossa cabeça e nos honra perante os nossos inimigos!
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Salmos 23)
O versículo quatro cita o vale da sombra da morte ou, segundo outras versões, o vale de sombra e morte, ou vale de trevas e morte. E este é um vale que conhecemos.
Passamos por ele quando perdemos pessoas que amamos, quando lidamos com doenças incuráveis e crônicas, quando males físicos vão incapacitando nossos movimentos e nossas funções orgânicas. Ouvimos de médicos sobre a escassez das possibilidades de tratamento, e nos percebemos de como a medicina ainda é limitada. Durante esta pandemia do coronavírus percebemos a fragilidade da vida e as limitações médicas, pois todos ainda tateiam para descobrir detalhes sobre este vírus tão mortal, desconhecido e assombroso. Por causa dele, muitos estão saudosos pelos familiares que faleceram, de forma abrupta e repentina, contagiados por um vírus minúsculo, mas que nos coloca à sombra da morte!
Passamos pelo vale das trevas, ou das sombras, também quando nos vemos em situações difíceis, nas muitas encruzilhadas da vida em que temos que tomar decisões e não sabemos o que fazer: não vemos luz no túnel escuro, não encontramos saídas humanas. Sombras do desemprego, da escassez de alimentos, da dor de ver um filho se desviar, da angústia em assistir filhos e netos se envolvendo em relacionamentos errôneos. Vale de trevas e de sofrimento ao sentirmos a dor da traição, a força calúnia, a tristeza do desagravo, o peso da ingratidão.
Vales da sombra da morte parecem extenuar nossas forças, apagar nossos melhores planos e destruir nossas poucas expectativas. Nestes momentos difíceis nós perdemos o sono, apagamos o brilho do olhar, extinguimos o sorriso fácil e até a motivação para viver. São noites escuras, cavernas, fornalhas ardentes, poços sem água, desertos áridos.
Contudo, por mais que estes vales existam, eles não são nosso lugar de habitação. Nós simplesmente passamos por eles. Andamos através deles como consequências de escolhas pessoais, de momentos de vida, ou como resultado de decisões alheias. Quando temos Deus, na maioria dos nossos dias de vida podemos desfrutar de pastos verdes e águas tranquilas – quando os vales chegam, são nossos momentos de “ainda que”, “mesmo se eu andar”. Eles passam, a manhã chega, a vitória já foi garantida na Cruz do Calvário.
Lembre-se que as sombras só refletem os fatos. Mesmo as situações mais difíceis da nossa vida só evidenciam a pontinha do iceberg. Deus nos permite vivenciar sombras, mas Ele afasta a morte real, bem como age de forma sobrenatural para que só experimentemos o que podemos suportar!
Durante os vales de trevas e morte, ou da sombra da morte, olhe para que vem depois: Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Sim, há muitas promessas grandiosas para sua vida depois do vale da sombra da morte!
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).