“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Provérbios 4.23).
Coisas valiosas precisam ser bem cuidadas; aquilo que consideramos de grande valor, não deixamos à mercê das intempéries, nem deixamos em qualquer lugar. E as mulheres, especialmente, gostam de dispor de bonitas caixas, em geral, finamente forradas, para nelas depositar suas joias e artigos de valor.
Considerando o cuidado que temos com estes objetos, o tempo e recursos que gastamos para preservá-los, vamos refletir um pouco sobre aquilo que a Palavra de Deus aponta como sendo o elemento mais importante de ser guardado: o nosso coração.
O escritor de Provérbios, no capítulo 4, a partir do versículo 20, traz importantes recomendações; ele começa chamando a atenção do filho ao que diz o pai. É a terceira vez que isso acontece só neste capítulo. Talvez ele reitera esse pedido de atenção porque é possível que, após tantas exortações, o filho ou aluno tenha se cansado ou se distraído.
Assim é também conosco: precisamos, de vez em quando, checar se estamos devidamente atentos ao que o Senhor está a nos falar. Principalmente nos dias atuais, quando há tantas coisas disputando a nossa atenção e que podem ocupar a nossa mente. Vejamos o que diz o versículo 21: “Não as deixe apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração” (Pv 4.21).
A Palavra de Deus tem que estar ao alcance dos olhos, não só físicos, mas espirituais também. Olhos indicam uma porta de entrada à mente. Como disse Jesus: “A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” (Mt 6.22).
Temos que ter cuidado com as coisas a que expomos nossos olhos, pois essas coisas ficarão armazenadas em nossa memória. Aquilo que impressiona a nossa mente, tudo o que captamos por meio dos sentidos podem influenciar nossos pensamentos, podem até moldar nosso comportamento. Por isso devemos ter vigilância constante na qualidade daquilo que vemos. Veja o que diz o salmista: “Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam” (Sl 101.3). O que estamos vendo? O que nossos filhos, nosso cônjuge, nossos familiares e amigos? Oh, que bom seria se todos tomassem a mesma decisão do salmista!
Aquilo que nossos olhos veem, vão direto para nosso coração. Quando a Bíblia fala de coração não está se referindo a este músculo que temos constantemente batendo em nosso peito, mas sim ao nosso espírito, ao nosso homem interior.
Quem lê ou ouve os preceitos do Senhor, e guarda-os no seu coração desfruta de vida e saúde, pois eles são como vacinas contra o pecado. Veja o que diz o Salmo 119.9,11: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra... Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”.
Temos aqui a receita da vitória sobre o pecado: quando consideramos a Palavra de Deus como a revelação de Sua vontade para nossa vida, quando decidimos segui-la como nossa regra de fé e prática, estamos fechando as portas do nosso coração para o pecado. Daí porque o versículo 23 recomenda: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida”.
Como dissemos agora há pouco, quando a Bíblia fala de coração está se referindo ao homem interior, ao centro da vida, da vontade, das decisões do indivíduo. Jesus falou sobre a importância do coração. Veja o que diz Mateus 15.19:“Porque do coração do homem procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.”
Quão importante é aquilo que temos no nosso coração! O Senhor Jesus aqui está dizendo que tudo o que fazemos, o que projetamos, nossos atos, tudo isso começa a partir de uma inclinação de nosso coração. Precisamos ter muito cuidado com aquilo que ninguém vê, ninguém sabe, mas que existe lá no nosso interior.
O profeta Jeremias declarou o seguinte acerca do coração: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações” (Jr 17.9,10).
Que hoje e sempre possamos orar como fez Davi, no Salmo 139.23,24:“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau eguia-me pelo caminho eterno”. Que possamos dia a dia, minuto a minuto, proteger nosso coração de tudo o quer for mal, e diligentemente preenchê-lo com aquilo que é bom, que glorifica a Deus e nos edifica!
Judite Alves
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