O sobrepeso e a obesidade vêm aumentando a cada dia. Dados da Organização Mundial de Saúde registrou neste ano (2020) que a obesidade triplicou desde 1975. Em 2016, 1,9 bilhões de adultos (de 18 anos ou mais), apresentavam excesso de peso, onde 650 milhões destes eram obesos. Com a Pandemia e o isolamento social, este número cresceu assustadoramente. Pois, dentro de casa a pessoa tem mais tempo para cozinhar e testar novas receitas vindas de diversos sites.
Se esse é o seu caso ou conhece alguém que está passando por esse problema de sobrepeso ou obesidade, há de concordar que é muito difícil emagrecer. São diversas dietas que surgem, promessas de perder o peso rapidamente, porém, infelizmente, isso às vezes não acontece tão rápido assim…
E daí vem a pergunta: “Qual é a melhor forma para buscar o emagrecimento?” ou “Como emagrecer com saúde?”
Pensando nestes questionamentos, entrevistamos a nutricionista, Dra. Roberta Araújo, ela é Doutora e Mestre em Epidemiologia pela Escola Nacional de Saúde Pública (Fiocruz) e Nutricionista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, para explicar sobre o assunto e dar dicas para quem precisa perder peso.
Explique melhor a diferença de estar sobrepeso ou de estar obeso.
Sobrepeso e obesidade podem ser definidos como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura e que pode trazer prejuízos à saúde. O Índice de Massa Corporal (IMC) é comumente utilizado para classificar o estado nutricional do indivíduo. Ele é definido pelo peso (kg) do indivíduo, dividido pela altura elevado ao quadrado (m2), obtendo kg/m2. Para adultos IMC ≥ 25kg/m2 = excesso de peso. IMC ≥ 30kg/m2 = obesidade. Esses fatores aumentaram durante a Pandemia, associados a fatores econômicos e da saúde mental, devido ao confinamento e isolamento social.
A maioria das mulheres ganhou alguns quilos durante a quarentena. O que podemos fazer para recuperar o peso?
Primeiro é entender que há esperança e é possível realizar mudanças, pois a obesidade é evitável e por vezes, reversível. A cobrança sobre si mesma não deve fazer parte deste momento, pois este é um fator que pode levar a frustrações durante o processo de emagrecimento. Cada corpo reage de uma forma, não coloque padrões, não almeje o corpo de anos atrás e muito menos das “influencers” digitais, esses não refletem a realidade. Estabeleça uma meta com um profissional da área de nutrição, pois trabalhar de forma individualizada ajuda a atingir os resultados desejados.
Agora que estamos começando a “voltar ao normal” nas atividades profissionais, como adaptar a alimentação balanceada à nossa rotina?
Vamos pensar no trabalho, quando iniciamos em um emprego novo, existem determinadas coisas que irão requerer mais dedicação inicialmente, até que chegará ao ponto de que se tornará mais fácil a execução da atividade. Para a alimentação ocorre o mesmo. Será necessária a criação de uma rotina com a introdução de alimentos mais naturais possíveis, uma adaptação e um planejamento neste momento, para diminuir o consumo de produtos industrializados. Pensar no tipo de alimento (legumes, verduras, frutas e grãos) e na forma de preparo (ensopados, grelhado e assados) facilitará a adoção de hábitos mais saudáveis. Além disso, na internet temos uma infinidade de receitas, das mais fáceis às mais elaboradas, que ajudarão no preparo.
Qual é a melhor indicação: fazer uma dieta rigorosa ou reeducação alimentar?
Uma dieta muito restritiva pode funcionar no início, mas com o passar dos dias, não será possível mantê-la. Porque faltarão nutrientes que ajudarão no funcionamento do organismo e consequentemente na perda de peso. A reeducação alimentar é a chave para o sucesso.
Para quem quer emagrecer, qual é indicado: diet ou light?
Existe um aumento muito grande nas ofertas de produtos diet e light, podendo confundir a população. O conceito de diet está associado a um produto processado ou ultraprocessado, onde a indústria retira algum nutriente da sua composição como: açúcar, ou gordura, ou sal etc. Light é o alimento processado ou ultraprocessado que tem redução mínima de 25% de determinado nutriente ou valor energético. Mas é necessário cuidado, porque por vezes a indústria retira ou reduz determinado nutriente, mas aumenta outro. Leia sempre o rótulo.
Como comer bem no dia a dia? Dê exemplos.
Existe um guia alimentar criado pelo Ministério da Saúde, que é excelente, para auxiliar e compreender melhor o que seria uma alimentação de qualidade, e nele é possível encontrar os 10 passos para uma alimentação saudável. Confira:
1- Faça dos alimentos in natura ou minimamente processados (legumes, verduras, frutas, raízes e tubérculos, milho, feijão, arroz, carnes frescas) a base da sua alimentação.
2- Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.
3- Limite o consumo de alimentos processados (alimentos em salmoura, extrato ou concentrados de tomates, pães feitos de: farinha de trigo, leveduras, água e sal).
4- Evite o consumo de alimentos ultraprocessados (biscoitos recheados, refrigerantes, macarrão instantâneo).
5- Coma com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.
6- Faça compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
7- Desenvolva, exercite e partilhe habilidades culinárias.
8- Planeje o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.
9- Dê preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
10- Seja crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.
Por Luciene Saviolli
