Nesta semana, refletimos profundamente sobre a jornada do povo de Deus no deserto após a saída do Egito. O Senhor determinou que eles peregrinassem por 40 anos antes de entrarem na Terra Prometida, e sabemos que essa decisão foi uma justiça divina devido à incredulidade dos espias enviados para sondar a terra.
Moisés escolheu 12 homens para essa missão, e você certamente se lembrará dessa história. Ao retornarem, apenas Josué e Calebe creram que Deus cumpriria Sua promessa (Nm 14.6-9). Os outros dez, tomados pelo medo, influenciaram o povo, gerando desconfiança e rebeldia contra Moisés e, consequentemente, contra o próprio Deus. Diante dessa atitude de incredulidade e insubmissão, o Senhor decretou que aquela geração não herdaria a promessa; em vez disso, vagariam pelo deserto por 40 anos.
À primeira vista, pode parecer um castigo severo, um fardo pesado demais. No entanto, ao meditar sobre essa história, percebi algo fascinante: apesar das dificuldades, aquele povo se submeteu à vontade de Deus. Eles conheciam o caminho para a Terra Prometida, mas aceitaram a decisão do Senhor e seguiram pelo deserto, vivendo uma jornada de transformação e dependência total d'Ele.
O deserto, apesar de árido e desafiador, foi um cenário de provisão divina. Em nenhum momento Deus os abandonou. A presença d'Ele estava ali, sustentando, guiando e ensinando. A caminhada foi difícil, sim, mas também foi um tempo de milagres e cuidado. E, ao pensar nisso, lembrei-me de um período específico da minha vida: os meses em que meus trigêmeos estiveram internados na UTI Neonatal.
O nascimento prematuro extremo deles nos colocou diante de uma realidade dolorosa. Cada dia no hospital era um teste de fé, pois víamos a fragilidade dos nossos bebês e, ao mesmo tempo, sentíamos nossa impotência. Não havia nada que pudéssemos fazer além de confiar que Deus estava sustentando suas vidas.
Foram três meses marcados por lágrimas, orações e desafios diários. Lembro-me claramente do quão difícil era voltar para casa e deixar nossos filhos no hospital. Em uma daquelas noites, conversando com meu esposo no carro, questionei: “Por que o Senhor nos colocou em um caminho tão árduo? Por que Ele determinou que passássemos por essa jornada tão dolorosa? Sinto-me como se estivesse atravessando um deserto.”
No dia seguinte, ao acordar, um louvor veio ao meu coração: Caminho no Deserto (Soraya Moraes). A letra dessa canção me envolveu de uma maneira especial, como um sopro de Deus sobre alma: “Meu Deus é Deus de milagres, Deus de promessas, Caminho no deserto, luz na escuridão, Meu Deus, esse é quem Tu és”.
A partir daquele dia, comecei a cantar essa canção para os meus bebês na UTI. Todos os dias, proclamava sobre suas vidas que o Senhor estava ali, mudando nossa história, realizando milagres. E como o Senhor é maravilhoso e nos fala de formas surpreendentes! Na mesma semana, recordei o seguinte versículo:
"Lembra-te de que o Senhor, teu Deus, te guiou por todo o caminho no deserto durante quarenta anos, para te humilhar e te provar, a fim de saber o que estava no teu coração e se guardarias os seus mandamentos ou não." (Deuteronômio 8:2)
Essa palavra encontrou abrigo profundo no meu coração. Então, fiz uma oração sincera, pedindo ao Espírito Santo que, enquanto atravessasse aquele deserto, Ele encontrasse em mim obediência e fidelidade.
Se você, minha irmã, está passando por um deserto, uma tribulação ou um processo doloroso, saiba que Deus está com você no meio dessa caminhada. Essa certeza muda tudo. Peça ao Espírito Santo que te fortaleça, que te sustente e que encontre em você um coração disposto a confiar. E lembre-se: todo deserto tem um fim. Nenhuma estação dura para sempre. Deus é fiel e está conduzindo você rumo à promessa.
Flavianne Vaz
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