Muitos de nós fomos criados por pais que, no momento de disciplinar, diziam que nos disciplinavam quando crianças para que a polícia não nos castigasse quando adultos. Achávamos um exagero, mas a passagem do tempo nos mostra que eles estavam absolutamente corretos em suas avaliações quanto ao futuro.
Todos conhecemos histórias de pessoas que tiveram uma educação livre de cobranças e regras, e que hoje amargam uma vida sem expectativa de futuro. Quando trabalhei em presídios como psicóloga, muitas vezes ouvi frases como "Se eu tivesse tido limites na infância não estarei aqui”, ou "Estou aqui porque não apanhei ou porque não ouvi não dos meus pais”. Eram homens condenados por crimes hediondos, que passariam muitos anos na prisão, e que gostariam de ter tido pais mais rígidos, que lhes ensinassem o valor da vida humana e a habilidade de fazer o que é correto.
Há sempre muitas notícias tristes sobre filhos que matam pais, pais que matam seus filhos, e mais que sofrem nas males de filhos adictos em drogas ou violentos. E nos últimos meses, vários noticiários começaram a reportar também que pais estão entregando seus filhos à polícia, por não conseguirem dar conta da agressividade dos mesmos. Esta semana em que escrevo, em um bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, um homem de 29 anos matou a namorada na casa da mãe dele – e a mãe, ao ouvir o tiro, chamou a polícia e entregou seu filho para ser preso.
Fico imaginando a dor de mães que se vêem obrigadas a entregar seus filhos à polícia. Muitas delas podem ter percebido a frouxidão da disciplina que deram tarde demais, mas muitas ensinaram o correto, mas viram seus filhos se desviarem da correção, influenciados por colegas ou pelo meio que escolheram viver. São mães que sofrem por verem seus filhos prisioneiros de vícios, de esclarecedores, e até mesmo de prisões que cerceiam a liberdade de ir e vir. E por mais que sabemos que entregar filhos criminosos à polícia é o certo a se fazer, não é nada confortável imaginar a vivência de uma situação parecida.
Não é fácil fazer o que sabemos ser correto.
Há mães que são chamadas na escola dos filhos porque estes erram com os colegas de classe, mas acabam tomando a defesa dos filhos errôneos e brigando com professores e pais, ensinando seus filhos que errar compensa. Há pais que enviam filhos adictos para programas e instituições voltadas para reabilitação de drogas, mas que buscam seus filhos (porque estes reclamam da dificuldade do tratamento) antes do tempo da desintoxicação estar completa, resultando na recaída dos mesmos. Outros fazem vistas grossas para os filhos que chegam em casa com objetos roubados, que pode ser um simples lápis colorido na infância, ou um telefone celular de última geração que custa mais do que o orçamento mensal da casa.
Há muitas pessoas que preferem subornar autoridades a cumprir o processo legal de uma operação profissional. Outros fazem negócios com pessoas corruptas, envolvendo seus nomes em falcatruas, sempre fugindo da via correta de fazer as coisas. E há os que buscam “subir na vida” se utilizando de fofocas, calúnias e difamações, pressionando estruturas empresariais, e até ministeriais, a fazerem escolhas erradas.
Precisamos fazer o que é correto, distinguindo o certo do errado, e o bom do que é pecaminoso. Afinal, a Bíblia nos adverte a sempre fazer o que é correto, para que não precisemos sofrer: Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo. Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e inteligentes em sua própria opinião. Ai dos que são campeões em beber vinho e mestres em misturar bebidas, dos que por suborno absolvem o culpado, mas negam justiça ao inocente. (Isaías 5.20-23)
Elaine Cruz
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