A alegria é uma dádiva divina aos seres humanos.
Desde que nascemos, temos uma tendência a imitar o comportamento alheio. Imitamos o modo de andar, os trejeitos na forma como mexemos as mãos enquanto falamos, um olhar mais crítico ou as expressões usadas pelos que nos cercam.
Aprendemos a sorrir imitando o sorriso dos outros. Uma criança cercada de pessoas alegres vai ser mais risonha, e aprende a usar o riso como alavanca para novas interações com seu meio social. Afinal, gargalhadas soltas são contagiantes, e enchem a alma de leveza no cotidiano.
Mas é interessante perceber que, mesmo crianças que habitam lares mais fechados e rudes, na primeira infância, quando ainda não compreendem bem a rispidez ou falta de afeto que recebem, desenvolvem seus momentos de alegria. E se alegram com coisas simples: em observar suas mãos ou pés, em assistir a um desenho animado que tenha cenas bucólicas ou com animais, ou até mesmo em envolvimentos com outras crianças com quem convive.
O problema é que crescemos. E as vivências afetivas vão formando percepções que podem ser dolorosas e tristes, gerando traumas que nos fazem acreditar que não temos motivos para sermos alegres. Vamos empurrando a alegria para fora da nossa vida real.
Crianças por volta dos oito a dez anos ainda conseguem manter a alegria na rua e com brincadeiras entre amigos, mesmo quando sua realidade é dura e cruel. Porém, geralmente depois desta idade, chegando na pré adolescência, a tendência é que mergulhem em defesas emocionais, que podem causar melancolia e agressividade. Quando a procura pela alegria é direcionada para esportes, estudos e atividades lúdicas, como a música, por exemplo, podem ter uma grande chance da manutenção de uma estrutura básica de saúde emocional.
O triste é perceber que muitos, na busca pela alegria perdida, acabam procurando prazer nas drogas, nas festas, em bebidas alcoólicas, em brigas de gangues, em sexo precoce, ou em compulsões por compras, jogos ou vícios. Estes entram na juventude com carências enormes, muitas vezes se envolvendo em situações que os afastam cada vez mais dos familiares e de Deus.
Mesmo na vida adulta, já casados e aparentemente estabilizados, ainda continuam ávidos por migalhas de alegrias, procurando na efemeridade de festas, ou em reuniões sociais regadas e álcool e drogas, motivos para se sentir alegres, mesmo que momentaneamente. Um grande exemplo, no Brasil, é o carnaval, onde há a ilusão da alegria, mesmo quando cercada de tragédias, promiscuidade sexual e quebra de valores familiares e morais.
A Bíblia nos adverte sobre a importância da alegria: Recomendo que se desfrute a vida, porque debaixo do sol não há nada melhor para o homem do que comer, beber e alegrar-se. Portanto, vá, coma com prazer a sua comida, e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz. Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sempre a sua cabeça com óleo. Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol. (Eclesiastes 8.15; 9.7-9).
Precisamos procurar a alegria nos nossos haveres cotidianos. A alegria é uma das virtudes do Fruto do Espírito, proporcionando a nós o gozo da salvação, e contentamento mesmo quando as circunstâncias da vida não nos são favoráveis.
Como necessitamos trazer nossas crianças para perto de Deus! A alegria concedida por Deus independe das agruras da nossa infância, e ultrapassa as razões óbvias dos porquês, a ponto de conseguirmos estar alegres mesmo sem motivo aparente para tanto. Só crescendo em Deus, mergulhados em sua Casa, conseguimos superar vivências complexas sem a necessidade de mergulharmos em vícios, promiscuidade ou violência.
É por esta razão que não celebramos a alegria efêmera do Carnaval, ou não precisamos de eventos grandiosos, ou regados a álcool, drogas e sexo, para satisfazer nossa alma. Ao contrário: preferimos ficar retirados entre irmãos da Família de Deus para edificar nossa fé, buscar comunhão verdadeira, aprendendo com Deus a superar as dificuldades e cantar, mesmo na dor.
Somos alegres porque temos salvação em Jesus Cristo, porque Ele é a fonte da nossa alegria, semeada em nós pelo Espírito Santo, que consola, fortalece, e cura a alma triste e ferida.
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).