Elaine Cruz

Elaine Cruz é psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade. É mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professora universitária e possui vários trabalhos publicados e apresentados em congressos no Brasil e no exterior. Atua como terapeuta há mais de trinta anos e é conferencista internacional. É mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA) e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Como escritora recebeu o 'Prêmio ABEC de Melhor Autora Nacional' e é autora dos livros “Sócios, Amigos e Amados”, “Amor e Disciplina para criar filhos felizes” e o mais recente, "Equilíbrio Emocional", todos títulos da CPAD.

Inconsequência

Esta semana, no estado de São Paulo, um adolescente de dezesseis anos pegou a arma do pai, que era da Guarda Civil Municipal, e atirou contra seu pai, sua irmã e sua mãe. Antes dos crimes, o adolescente testou a arma do pai, após o crime ainda foi para a academia e a uma padaria, e ao confessar o crime declarou que o faria novamente, sem demonstrar qualquer arrependimento. O mais surpreendente é ouvir o relato do delegado responsável pela investigação, afirmando que o jovem ficou assustado ao saber que seria detido, e que o motivo alegado por ele foi que estava com raiva dos pais porque eles haviam tomado seu celular.

É certo que há muitos outros parâmetros a serem levantados nesta triste história. Em situações complexas como esta, especialmente em crimes hediondos, são muitas as questões que atravessam a história de vida dos algozes e das vítimas. Contudo, é assustador analisar o quanto a sociedade atual produz crimes praticados por pessoas absolutamente inconsequentes.

A inconsequência é a capacidade de não se importar com os desdobramentos dos atos. Um pessoa inconsequente não possui convicções coerentes, muda de ideia constantemente, e não é prudente no que faz, agindo de modo irresponsável. E, acima de tudo, o inconsequente se apropria da leviandade, pois é irresponsável quanto às consequências das suas ações.

Sansão foi um homem que agiu de forma inconsequente em alguns momentos da sua vida, fazendo sempre o contrário do que deveria, agindo de acordo com sua vontade imediata e não de forma coerente, especialmente face ao cargo que ocupava. Sansão foi inconsequente quando casa com uma filisteia (Juízes 14), quando procura uma prostituta e ao se apaixonar por Dalila, contando-lhe seu segredo (Juízes 16).

Sansão pagou um alto preço por suas atitudes mal pensadas – e isto é o que acontece com todos os que agem de forma inconsequente. Haverá dor e lágrimas para os que se apaixonam por pessoas erradas. Há sofrimento para os que agem sem pensar, para os que decidem de forma precipitada, para os que gastam mais do que ganham, ou para os que tomam decisões cruciais em suas carreiras ou em seus relacionamentos sem nem mesmo listar os prós e contras de suas decisões.

Todo ato tem consequência. Assassinar a família leva à cadeia. Não se preparar adequadamente para provas escolares implica em reprovação. Não educar os filhos traz desgraças à família. Se afastar da comunhão da igreja ocasiona esfriamento na fé. Não cuidar da saúde como deveríamos pode nos custar enfermidades atrozes. Adulterar gera um rombo no casamento que é fatal para a confiança adquirida ao longo dos anos. Pecar nos afasta de Deus.

A Bíblia é enfática: Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá. (Gálatas 6.7); Se você for sábio, o benefício será seu; se for zombador, sofrerá as consequências. (Provérbios 9.12); Deus retribuirá a cada um conforme o seu procedimento. Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça. Haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal: primeiro para o judeu, depois para o grego; mas glória, honra e paz para todo o que pratica o bem: primeiro para o judeu, depois para o grego. Pois em Deus não há parcialidade. (Romanos 2.6-11). Não podemos viver de forma inconsequente. Nossa sociedade não pode achar que há impunidade para atos errôneos, pois a conta ou dívida a ser paga, cedo ou tarde, sempre chegará. Assim sendo, precisamos ensinar a nossos filhos, a partir dos primeiros meses de vida, sobre o desdobramento das escolhas que fazem, seja na seleção de um alimento, de um brinquedo ou de uma amizade. Crianças precisam aprender, na prática, que boas ações produzem bons resultados, enquanto más escolhas geram consequências tristes, e por vezes drásticas.

Vamos ponderar melhor nossas escolhas de vida, das mais simples às mais complexas. Se preciso for, liste as consequências possíveis das decisões que precisa tomar. Converse com pessoas experientes, busque ajuda pastoral e ajuste os detalhes com seu cônjuge antes de tomar uma decisão. E, acima de tudo, exponha suas causas diante de Deus, analise diante dele as consequências possíveis, e espere pela direção Dele!

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Elaine Cruz 

*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).

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