Quando nascemos, as pessoas pensam sobre nós. Pais, parentes e amigos próximos vão elaborando expectativas e adjetivos, bons ou ruins, sobre a nossa existência. Vão imaginando quais serão as nossas feições, a cor dos nossos olhos e a textura dos nossos cabelos.
Nossas primeiras vivências acontecem a partir da ação de outras pessoas, que vão organizando nosso espaço, nosso meio social e espiritual. A interação com o meio físico e social, num primeiro momento selecionado e direcionado pelos familiares, nos direciona a pensar as coisas, os objetos, as possibilidades, os afetos e as pessoas.
As relações com pessoas, lugares e coisas nos levam a elaborar e formular conceitos e valores particulares, definindo nossa autoimagem e autoestima. Assim sendo, uma criança amada e estimulada com afetos, vai divergir de uma criança rejeitada ou abandonada, fazendo-as elaborar pensamentos divergentes sobre a vida e as pessoas.
Todos os nossos pensamentos, sem exceção, são construídos a partir do que vemos, ouvimos, imaginamos e vivenciamos. Desse modo, é fácil concluir que nossos pensamentos são uma arma poderosa e perigosa para a alma, pois todas as nossas ações no mundo real são primeiramente pensadas ou imaginadas em nossas mentes antes de serem concretizadas - ninguém cai subitamente na imoralidade sexual, ou fala algo sem antes pensar e imaginar a situação antecipadamente.
Quanto à imaginação, a Bíblia já nos adverte: Assim como imagina em seu coração, assim é. (Provérbios 23.7). A imaginação é um subconjunto do pensamento, de modo que toda imaginação é pensamento, mas nem todo pensamento é imaginação. Imaginar possibilidades é um princípio do pensar; mas o grande diferencial é que a imaginação não tem acordos com o mundo real, podendo ser simplesmente devaneios passageiros.
É impressionante como uma criança consegue transpor o mundo real através da sua imaginação. Uma bola de meia se torna uma bola de futebol, um cabo de vassoura se transforma em um cavalo, um agasalho enrolado é carregado como se fosse um bebê. Mesmo quando utiliza brinquedos reais, como carros e bonecas, estes objetos realizam, por meio da imaginação infantil, várias façanhas que vão muito além do seu uso, alterando as possibilidades reais.
Contudo, por mais que imaginar seja uma capacidade intelectual belíssima dada por Deus, a vida real vai se mostrando cada vez mais realista. Precisamos amadurecer, e não podemos viver num mundo idealista, imaginando coisas impossíveis, nos colocando metas inalcançáveis e julgando ser o que não somos.
Para tanto, precisamos de maturidade e racionalidade na imaginação que se mostra fértil. A maturidade nos faz enxergar as discrepâncias de uma imaginação destoante da vida cotidiana, mas muitos insistem em permanecer num universo virtual, projetando e nada realizando, não aceitando as vicissitudes da vida real. Afinal, dinheiro não cai do céu, toda carreira ou negócio começa pequeno, não basta se imaginar magro sem fazer dietas, e o que fazemos compromete a nossa salvação.
Paulo já escreveu: Irmãos, deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos. (1 Coríntios 14:20). Portanto, podemos ser imaginativos, mas maduros, pensando projetos e perspectivas possíveis a curto, médio e longo prazo, sempre submetendo nossos projetos à vontade de Deus.
Devemos usar a ferramenta imaginativa para gerar perspectivas, projetar novos caminhos e estabelecer diferentes planejamentos, visando melhorar e superar nossa realidade de vida, mas precisamos executar tarefas simples de forma a melhorar nossos relacionamentos pessoais e vidas profissionais. Só a imaginação não dá conta de tudo. Assim sendo, idealize e projete o futuro, usando sua imaginação e cognição, para uma qualidade de vida melhor, mas pense sobre o que imagina de forma racional e submeta todos os seus planos a Deus!
Elaine Cruz
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