Todos nós nos lembramos do tempo de colégio, onde a maioria das crianças são alfabetizadas e aprenderam e ler e escrever. Digo a maioria, pois algumas famílias mais abastadas ensinavam seus filhos em casa, pois não havia oferta de creche e pré escola. Meu marido, por exemplo, tinha uma professora que ia à sua casa, chamada "explicadora", que o ensinou a ler a escrever aos quatro anos de idade. Assim, quando chegou aos seis anos, já passou direto para a segunda série, pulando o ano da alfabetização e o primeiro ano escolar.
Eu entrei aos seis anos na escola, e até hoje me lembro da euforia e da agitação dos pátios escolares, onde todos os dias nos enfileirávamos para entrar em sala de aula, depois de cantar o Hino Nacional e assistir ao hasteamento da bandeira nacional. Eram tempos diferentes de hoje, quando nos levantávamos para receber a professora em sala de aula, chamando-a de senhora.
Contudo, por mais que aprender as primeiras letras seja importantíssimo no processo ensino-aprendizagem, nossa primeira escola não acontece dentro de paredes de tijolos. Nossa primeira escola acontece no Útero materno, onde somos formados por Deus: Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem. Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. (Salmo 139.13-16).
A criança no útero já apreende o mundo exterior. O desenvolvimento cerebral permite que o ultrassom tridimensional, a partir dos três meses de gestação, possa registrar bebes sorrindo, fazendo caretas, segurando pés e mãos, e até tocando em irmãos quando há o caso de gestação de gêmeos. Sabemos que o bebê já tem os sentidos, como o tato e a audição, desenvolvidos no segundo trimestre da gravidez – e ele recorda sons (como os batimentos cardíacos e a circulação sanguínea da mãe) e vozes familiares que ouviu durante a gravidez após o nascimento. Assim sendo, nós aprendemos desde o início, experienciando sensações, vivenciado emoções, e construindo memórias forjadas pelos estímulos exteriores, a começar pela atmosfera emocional em torno da gestante.
Após o nascimento, nossa segunda e maior escola na vida é a família e a qual pertencemos. Nela aprendemos regras sociais, valores relacionais, princípios organizadores da nossa psique, e conceitos cognitivos, emocionais e espirituais que nos acompanharão ao longo de toda a nossa existência. Antes de aprender a tabuada, aprendemos a imitar o comportamento alheio, e antes do alfabeto aprendemos a conversar e interagir com pessoas que convivemos e/ou amamos.
Expandindo um pouco mais, a partir da família, composta pelos pais e irmãos, o meio social se turba uma grande escola. Parentela, amigos próximos, vizinhos da casa ou do bairro onde moramos, pastores, professores da Escola Bíblica Dominical e coordenadores do Departamento Infantil da igreja em que congregamos, acabam sendo nossos professores na jornada inicial da vida. E todos, sem exceção, marcam nossas vidas para sempre!
Dentro desta perspectiva, quando nossos filhos e netos entram na creche, na pré escola ou no ensino fundamental, independente da idade, a aprendizagem deles já está em franco desenvolvimento. Portanto, estejamos mais atentos às primeiras escolas, cientes de que são estas as que estruturam nossas raízes mais importantes e profundas.
Quando somos educados corretamente desde o berço, temos enormes chances de fazer escolhas mais assertivas na vida adulta: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele. (Provérbios 22:6).
Cuidemos melhor da gravidez e da saúde emocional e espiritual da nossa casa e igreja!
Elaine Cruz
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