Quando estamos às portas de um novo ano, sabemos que há muitas coisas que não voltam atrás: a infância, os anos da juventude, o passado, a água que escoa de uma torneira, o rio que desce em direção ao mar, os fios de cabelo que cortamos, os anos que já vivemos, sejam eles quantos forem!
Contudo, eu gostaria de pensar em uma frase bem conhecida, de um autor desconhecido, que diz: Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.
A flecha lançada segue seu curso definido em seu lançamento. Se for lançada na direção do vento, pode chegar mais longe. Se ela for lançada com força, a possibilidade de ir mais longe é ainda maior. Se a flecha é lançada em campo aberto, vai percorrer uma distância maior do que se for lançada em meio a muitas árvores. Isto me remete ao fato de que precisamos calcular muito bem as nossas ações. Não basta sair atirando flechas, mirando em tudo e todos, sem amenos definir nossos alvos de vida, ou o que desejamos colher com nossos fazeres na vida secular ou espiritual. Precisamos analisar muito bem as nossas possibilidades, escolher com cautela as portas que vamos abrir, e definir com cuidado os afetos que vamos construir pelos outros.
A palavra, uma vez pronunciada, também não volta. Ao sair dos nossos lábios ela já magoou ou curou a alma do outro. Já edificou ou destruiu a vida de alguém. Já promoveu paz na briga ou colocou fogo na contenda. A Bíblia, sempre precisa, amplia ainda mais o perigo das palavras pronunciadas:
A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto. (Provérbios 18.21);
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. (Efésios 4.29);
O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios têm perturbação. (Provérbios 13.3);
Na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente. (Provérbios 10.19);
Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos. (Provérbios 16.24);
Guarda a tua língua do mal e os teus lábios, de falarem enganosamente. (Salmo 34.13).
Toda fala tem como fonte nossa mente, pois ela começa em nosso pensamento, que pode ser compreendido como um fala interna, só conhecida por Deus e por nós. Porém, uma vez que sai da nossa boca, a palavra proferida não volta à fonte. Quando falamos, o outro passa a saber o que pensamos ou sentimos, e até mesmo os demônios tomam ciência do que proferimos.
Portanto, vigiemos nossa fala. Que sejamos rápidos para pedir perdão, para corrigir nossa fala, para fechar uma ferida aberta, para trazer a verdade do que de fato pensamos ou sentimos. Mas que, acima de tudo, possamos ponderar e ficar em silêncio ate que saibamos exatamente o que e como falar. O salmista Davi, sabedor do poder da fala, e ciente de que as palavras precisam ser ponderadas antes de serem ditas, escreveu: Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios. (Salmo 141.3).
As oportunidades perdidas também não voltam. Não ha mais como consertar o que fizemos ou deixamos de fazer no ano que se encerra. Mas podemos aproveitar as muitas oportunidades do ano que se seguirá, observando alguns belos conselhos bíblicos:
Portanto, vá, coma com prazer a sua comida, e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz.
Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sempre a sua cabeça com óleo.
Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol.
O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria. (Eclesiastes 9.7-10).
Elaine Cruz
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