Aconteceu em uma quinta-feira. Aparentemente, um homem com seus doze discípulos reservou uma sala para participarem juntos de uma refeição noturna.
Eles se conheciam bem, e estavam viajando com seu mestre há cerca de três anos. Eram amigos, tinham piadas internas e histórias em comum, e estavam felizes pelo fato de estarem se tornando conhecidos, especialmente depois da entrada triunfal e festiva de Jesus em Jerusalém.
Foi então que, logo no início do jantar, antes ainda de se reclinarem à mesa, Jesus tira sua túnica, coloca uma toalha em sua cintura, e começa a lavar os pés dos discípulos.
A lavagem dos pés era um ato praticado por servos, e quando amigos lavavam os pés uns dos outros era uma atitude considerada de extrema consideração. A lavagem eliminava a sujeira da rua, e trazia refrigério e descanso para os pés cansados.
Jesus era o Mestre, que se oferece para lavar os pés dos discípulos, inclusive de Judas! Isto os deixou surpresos, e Pedro (sempre ele…) em um primeiro momento se nega a ter seus pés lavados, para imediatamente depois, pedir que Jesus o lavasse por inteiro!
Ao concluir a lavagem dos pés dos doze, Jesus explica o que havia feito: “Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.”(João 13:14-15).
Muitos anos se passaram desde então, mas a premissa permanece: precisamos lavar os pés uns dos outros! Afinal, sempre teremos pessoas à nossa volta, que podem ser parentes e amigos que amamos, que precisam ter seus pés lavados. E ainda há pessoas que nem conhecemos de perto, mas que anseiam por ter seus pés limpos!
Mas, como fazemos isto?
Pais lavam os pés dos filhos quando preparam um quarto cheiroso e quentinho, quando os socorrem ao caírem e se machucarem, ou simplesmente quando os abraçam em momentos de dor, fracasso ou injustiças.Filhos lavam pés dos pais quando ajudam com as tarefas domésticas, e se esforçam em manter a harmonia do lar, e ao cuidarem dos progenitores quando estes ficam sozinhos ou envelhecem.
Cônjuges lavam os pés uns dos outros quando estão afetivamente presentes nos momentos difíceis. Sempre que somos envolvidos por tragédias, desemprego, doenças, cansaço, incertezas e medos, ter que nos abrace e nos proteja na segurança do lar, é um refrigério para os pés cansados das labutas diárias.
No Corpo de Cristo, sempre que evangelizamos, discipulamos e oramos uns pelos outros, estamos ajudando a limpar nossos irmãos da sujeira contaminante do mundo em que vivemos. É só longo dos anos, vamos nos lavando, estabelecendo uma unidade que compreende o outro como superior, de tal modo até nos alegramos em servir uns aos outros.
Jesus nos deixou o maior exemplo de humildade e entrega amorosa e leal. Que possamos seguir tal exemplo em nossos lares, em nossas amizades, na edificação da Igreja que congregamos, e até mesmo com nossos inimigos!
Vamos pegar nossa toalha, colocar na cintura e começar a lavagem?
Elaine Cruz
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