Não sei se sua parentela é grande ou pequena. No meu caso, tenho mais de setenta primos, só de primeiro grau, da parte paterna. Contudo, infelizmente, com o passar dos anos, os primos foram se casando, indo morar em outros estados e até mesmo em outros países, de modo que fomos nos afastando - e só conseguimos nos reunir em eventos específicos, como casamentos e velórios.
Há parentelas cujos membros moram próximos, e que se reúnem para celebrar aniversários e festas como Natal e Páscoa. Em geral, quando há unidade, as reuniões são ótimas, mas quando alguns membros são mal educados ou fofoqueiros, é comum que haja divisões ou confusões.
Na realidade de hoje em dia, onde as famílias são menores, com menos filhos, e com muitas crianças sendo formadas de forma individualista, cada vez fica mais difícil vivenciar reuniões de parentela. E isto pode gerar, em muitas pessoas, uma sensação de solidão, com um sentimento de ausência de raízes, que invariavelmente provoca dores emocionais.
Em paralelo à parentela, os núcleos familiares também estão perdendo a unidade. Antigamente, com as famílias mais numerosas, mesmo em casas grandes, era comum que os irmãos de mesmo sexo convivessem em um só quarto, onde sempre havia muita conversa e risos. Os problemas eram compartilhados, assim como os sucessos eram comemorados em família.
Esta convivência familiar gerava laços afetivos - que eram ainda mais estreitos pelo fato de irmãos mais velhos auxiliarem no cuidado e no ensino de competências aos mais novos. Havia, portanto, mais respeito pela hierarquia familiar. Os pais eram admirados e compreendidos como dignos de obediência e honra. E era comum que os filhos mais velhos fossem respeitados pelos mais novos.A estrutura familiar atual está esvaziada de hierarquia e de reverência. Todos se acham iguais, e é comum que filhos cobrem mais dos pais do que são cobrados pelos mesmos. Há crianças mandando em seus pais e avós, e o que assistimos são padrões de comparação entre irmãos, que os fazem mais competidores do que amigos. E todas estas questões geram traumas emocionais, gerando sequelas que se repetem nas famílias futuras.
Dentro deste contexto familiar, é impressionante o quanto o espaço da igreja vem cobrindo as lacunas relacionais. Afinal, independente do tamanho da parentela consanguínea, convivemos regularmente com as famílias da igreja que frequentamos.
São muitas as famílias que, ao se mudarem para longe da parentela, encontram abrigo com os irmãos em Cristo que são formados na comunhão da igreja. Para aqueles que são solitários, sempre haverá um grupo de mulheres ou de homens que abraçam os que são sozinhos. Sem falar das muitas mães que abraçam os jovens, cuidando deles como se fossem seus filhos.
Para aqueles que chegam na convivência da igreja com traumas, que tiveram pais ausentes, ou irmãos com os quais não podiam confiar, o envolvimento com irmãos em Cristo, unidos pela causa do Evangelho, pode sanar muitas dores.
Em Cristo, nós já não somos estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus (Efésios 2:19).
Sim! Podemos ser amados e amar uma nova Família! Afinal, para além dos laços hereditários, há famílias que amamos no seio da igreja! E famílias que formam, juntas, uma Família numerosa, vitoriosa e que vai conviver no Amor por toda eternidade!
Elaine Cruz
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