“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)
O lar é, indiscutivelmente, a primeira escola da vida. É ali que se formam os alicerces do caráter, os valores morais e espirituais e as primeiras noções de convivência social.
Os pais, por sua vez, são os primeiros professores – e muitas vezes, os mais influentes – na construção da identidade dos filhos. Quando essa base é firme, o adolescente enfrenta as turbulências da vida com mais equilíbrio. Mas quando há falhas na comunicação e incoerência entre o que se prega e o que se vive, o resultado pode ser um filho confuso, rebelde ou emocionalmente fechado.
Na adolescência, fase marcada por intensas mudanças físicas, emocionais e cognitivas, o jovem inicia o processo de reestruturação da sua personalidade para a vida adulta. É neste período que ele questiona regras, busca sentido para os valores familiares e forma sua própria visão de mundo. Quando a infância foi marcada por discursos contraditórios, falta de afeto ou ausência de limites claros, o adolescente terá mais dificuldade para lidar com frustrações e para construir uma identidade sólida.
A psicologia cognitiva nos ensina que nossos esquemas mentais – padrões de pensamento e interpretação da realidade – são formados desde a infância e moldam nossa maneira de ver o mundo e a nós mesmos. Se a criança cresceu em um ambiente onde o diálogo era raso ou inexistente, onde sentimentos eram reprimidos e os limites mal definidos, ela pode internalizar crenças como “não posso confiar nos outros”, “minha opinião não importa” ou “amor é condicionado ao desempenho”. Na adolescência, essas crenças se expressam em forma de rebeldia, isolamento, crises emocionais ou dificuldade de se relacionar.
Por isso, mães cristãs, é fundamental mantermos canais abertos de comunicação com nossos filhos adolescentes. Ouvir com atenção, sem julgamentos precipitados; demonstrar amor com palavras e atitudes; ser coerente entre o que ensinamos e vivemos – tudo isso contribui para um ambiente de confiança. Jesus, nosso maior exemplo de mestre e conselheiro, sabia ouvir, acolher e orientar com graça e verdade. Em Lucas 24:13-35, vemos como Ele caminhou com os discípulos de Emaús, ouviu suas dúvidas e os ajudou a enxergar a verdade com paciência e sabedoria. Assim devemos ser com nossos filhos.
Não podemos esquecer que, embora os filhos estejam crescendo e tomando decisões, ainda precisam de direção segura. Limites claros não aprisionam – ao contrário, oferecem segurança. Um “não” bem colocado pode salvar o adolescente de escolhas precipitadas. Porém, mais do que impor, é preciso dialogar, explicar e refletir junto. Eles precisam entender o “porquê” das coisas, e isso exige tempo, dedicação e oração.
Ao invés de rotular o filho como “rebelde”, pergunte-se: como está o nosso diálogo? O que ele está tentando comunicar com seu comportamento? Há espaço em casa para ele expressar suas dúvidas, dores e sonhos?
Que o Espírito Santo nos conceda sabedoria para sermos mães presentes, dispostas a aprender e ensinar com amor. Que nossos lares sejam escolas da graça de Deus, formando filhos fortes, emocionalmente saudáveis, felizes e cheios de fé – futuros homens e mulheres de Deus, bons cidadãos e testemunhas vivas do Reino.
Até a próxima, grande abraço.
Sonia Pires
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