Elaine Cruz

Elaine Cruz é psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade. É mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professora universitária e possui vários trabalhos publicados e apresentados em congressos no Brasil e no exterior. Atua como terapeuta há mais de trinta anos e é conferencista internacional. É mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA) e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Como escritora recebeu o 'Prêmio ABEC de Melhor Autora Nacional' e é autora dos livros “Sócios, Amigos e Amados”, “Amor e Disciplina para criar filhos felizes” e o mais recente, "Equilíbrio Emocional", todos títulos da CPAD.

A tragédia dos bebês reborn 

Fui criada brincando com bonecas, como tantas outras meninas que tiveram a oportunidade de vivenciar uma boa infância. E brincar de boneca era sempre complemento de brincar de casinha, com apetrechos de cozinha e de alguns móveis em miniatura.

Eventualmente os irmãos, primos e amigos também brincavam juntos, adicionando carrinhos ou bonecos retratando super-heróis ou personagens de desenhos. 

Em todas as brincadeiras havia uma concepção clara de que as situações encenadas não eram reais. Por mais que gostássemos mais de um brinquedo ou outro, não havia um apego ou uma sobreposição conceitual de que a fantasia da brincadeira era algo real. 

Criei meu casal de filhos brincado juntos de forma saudável, pois o brincar é também uma maneira de retratar e trabalhar realidades familiares e profissionais vivenciais futuras, sempre com o cuidado de manter os vínculos afetivos sob controle de modo a não gerar dependência. Criança não pode ser dependente de um boneco, nem mesmo de uma manta velha, para dormir ou se sentir amada e segura. A segurança ou autoestima precisa estar arraigada em seu íntimo. 

É por esta razão que é tão inadmissível observar o envolvimento emocional excessivo, a ponto de gerar dependência  emocional, de pessoas adultas com os bonecos imitando bebês, chamados de reborn. É nítido que a barreira entre fantasia e realidade está sendo ultrapassada, fazendo sobressair uma grande carência emocional não suprida pela vida real. 

Quando vejo postagens de pessoas com bebês reborn, por mais que sorriam, posso enxergar sinais claros de sofrimento emocional, numa tentativa frustrada de, mais uma vez, substituir a vida real pela virtual ou imaginária, o que pode ser cabível na primeira infância, mas não mais na adolescência, e muito menos na vida adulta. 

Já vi um bebê reborn carregado por um casal na Europa, que portava, inclusive, uma bolsa de bebê a tiracolo. E há vídeos e relatos na internet mostrando a rotina diária de “alimentação” e cuidados como se o boneco fosse um bebê vivo. Há casais em processo de divórcio, procurando advogados para organizar a divisão da guarda dos bebês reborn. Já há maternidades que simulam o nascimento dos reborn, sites que ensinam como amamentar o boneco no seio, e até movimentos, em diversos países, para que estes bebês reborn sejam atendidos pelos sistemas de saúde! 

Nossa sociedade, cada vez mais longe de Deus e da racionalidade do Evangelho, está cada vez mais adoecida. As pessoas estão substituindo pessoas por coisas, retratando a dificuldade de estabelecerem laços afetivos seguros, buscando bonecos que não reclamam, não apontam erros, e não rejeitam ou abandonam. Há muita gente vivenciando transtornos associados ao luto, ao afeto e a medos desenvolvidos por traumas. E claramente, ao assistir algumas postagens, posso diagnosticar distorções de personalidade, traços de dependência, negação da realidade, borderline, histrionismo, depressão, delírios, atitudes paranoicas, solidão, vazio existencial, ilusão e sofrimento emocional graves. 

Sim. A lista de sintomas é ainda  maior, pois não estamos falando de coisas simples. Há doenças da alma corroendo a realidade e a afetividade das pessoas. E o vazio como decorrência da ausência de Deus deixa a vida das pessoas sem significado.

Vivemos um tempo em que convivemos com pessoas adoecidas pelo pecado, e pelas dores deixadas por relacionamentos abusivos com pessoas egoístas, que escolhem ferir a amar. As relações afetivas, até mesmo com familiares próximos, estão cada vez mais cruéis, pois estamos vivendo o contexto bíblico de 2 Timóteo 3.2-5, que afirma que nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.

No âmbito espiritual, esta situação ainda aponta para uma nova estratégia de aprisionamento psíquico. Os bebês reborn estão sendo objetos de idolatria para muitos, que isolam o Deus vivo de suas vidas, e tentam preencher o vazio da alma com bonecos inanimados e desalmados. 

Que possamos valorizar e cuidar mais dos nossos relacionamentos reais, amando e construindo afetos sadios na família e na igreja que frequentamos. Que possamos poder analisar e tratar as distorções malignas que adoecem pessoas que amamos. Os dias são maus, o sofrimento emocional tem sido atroz, mas a vida plena, mesmo quando inclui momentos e pessoas difíceis, só é possível com Deus!

elaine

Elaine Cruz 

*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).

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