Como psicóloga, gosto de admirar a variedade cultural entre os povos. É interessante perceber como a alimentação, a forma de expressar emoções e a concepção de sociedade se adapta às realidades de cada cultura.
Nós, brasileiros, assim como os latinos de uma forma geral, somos de natureza sociável. Gostamos de abraçar, de tocar os outros enquanto falamos, sorrimos com facilidade e desenvolvemos uma conversa fácil. Quando temos filhos, temos prazer em segurá-los no colo, e eventualmente brincamos de cócegas, e nos fartamos em beijar e fazer carinho em nossos filhos e netos.
Entretanto, há países em que a cultura permite que um homem tenha várias mulheres, e os filhos são criados por mães de diferentes idades. Há países em que as mulheres são depreciadas, sendo obrigadas a se cobrir ao se aproximarem de seus maridos e filhos. E em alguns países asiáticos, os filhos homens é que andam no banco do carona, pois as mulheres, mesmo sendo esposas, devem se sentar no banco de trás do carro, por exemplo.
Estou escrevendo este artigo na cidade de Rostock, no norte da Alemanha, onde temos uma igreja. É uma região com muitos ateus, pois todo o norte da Alemanha viveu um longo tempo debaixo do regime comunista imposto pela União Soviética. Isto porque, após a derrota do país na Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, a Alemanha permaneceu dividida por quarenta anos, com cada uma das partes integrando blocos econômicos e ideológicos opostos. Só em 1989, com a queda do muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, a Alemanha foi reunificada.
Estes fatos históricos se refletem até hoje nesta região. Os membros mais idosos da igreja falam russo como segunda língua, enquanto os mais novos sabem inglês. E até mesmo a alimentação e a organização das moradias refletem a simplicidade minimalista de uma sociedade que viveu na escassez pós guerra, mesmo que atualmente as pessoas vivam em um país com economia estável e próspera.
No âmbito emocional, as pessoas têm muita dificuldade em expressar sentimentos, e se constrangem com abraços e toques. A educação dos filhos é bem rígida, e há muitas histórias e lembranças tristes de pessoas que passaram muitos anos isoladas na Alemanha oriental. Os que foram criados por pais ou avós evangélicos ainda sofreram inúmeras perseguições, pois as possibilidades de trabalho eram fechadas para os que abraçavam Jesus.
A partir desta perspectiva histórica, é maravilhoso poder assistir a liberdade que só o Evangelho pode trazer! Na igreja, os novos convertidos sempre enfatizam que Jesus não só os resgatou das trevas, mas que também lhes deu a oportunidade de restaurar as emoções, a alegria, e a prática dos abraços e afetos familiares. Além disso, após tantos anos sob um regime de censura e controle, aprenderam que podem confiar em Deus e no amor filial entre irmãos.
Todos estes fatos destacam o quanto nossa sociedade precisa de Deus! O Evangelho promove cura emocional, restaura os caminhos do afeto, e gera vínculos amorosos e confiáveis entre os que buscam a santidade. Os ensinos bíblicos ressignificam relacionamentos, promovem a auto estima, e resgatam a valoração do ser humano - que foi tão amado por Deus, a ponto dele enviar seu filho para nos resgatar da morte eterna!
Assim sendo, se você lê este artigo imerso em uma cultura que lhe permite vivenciar a liberdade de expressão e de afetos, seja grato a Deus. Se mora em países que ferem princípios saudáveis da sua fé e da sua vida social, permaneça firme em Deus, pois Ele sempre será o principal motivo da nossa alegria e paz interior. O Evangelho nos liberta das garras opressoras e/ou excessivamente liberais da cultura em que estamos inseridos. E cada vez mais, vivendo neste mundo dominado por princípios malignos, precisamos nos lembrar do texto bíblico: “Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.” (Colossenses 2:6-8).
Elaine Cruz
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