Por muito tempo vivemos isolados em nossos próprios mundos. No Brasil, até a década de 1950, a grande maioria das pessoas nascia em uma cidade e no máximo conhecia outras cidades em um raio de cem a quinhentos quilômetros. Eram poucos os que se aventuravam a viver em uma outra cidade ou em outro país.
Com o avanço das telecomunicações, o crescimento da aviação e as notícias das facilidades de emprego nas grandes cidades, o cenário começou a mudar. Ainda assim, só mesmo ao final dos anos 90, com a propagação da internet, quando as notícias eram dadas em tempo real, a humanidade começou a ter acesso a múltiplas culturais e conceitos sociais diversos.
Por alguns anos a internet se limitava a divulgar dados empresariais e a facilitar a comunicar entre pessoas. Entretanto, a exemplo dos nossos dias, ela se tornou uma ferramenta para que as pessoas se expressem individualmente, com o intuito de vender produtos, difundir ideologias e valores diversos, e influenciar condutas e conceitos de vida pessoal.
Se antes a televisão era considerada a babá das crianças, hoje qualquer aparelho celular induz e educa, bem ou mal, filhos e netos em tempo real e integral. Se há anos os adolescentes e adultos se contentavam com o que podiam comprar e pagar, hoje a oferta de um mundo glamouroso associado ao poder está distorcendo o desejo de consumo de muitos.
Com tantas opções para ter e ser, o corpo não é mais bem quisto, a auto imagem se torna insatisfatória, o sexo de nascimento e o desejo sexual precisam ser ampliados e distorcidos, e os bens de consumo estão sempre nas casas dos influencers. Isto faz com que nossa sociedade esteja repleta de pessoas se tornando cada vez mais descontentes com a aparência, com seus bens, com a vida que possuem, buscando preencher o vazio existencial com coisas que beiram o ridículo e as aproximam cada vez mais do pecado.
Estamos vivendo uma sociedade em que os pais estão paulatinamente sendo diminuídos. Perdidos, muitos acabam se afastando da educação dos próprios filhos, correndo atrás de seus projetos pessoais, e promovendo uma cultura de frieza afetiva. O mesmo acontece com os cônjuges, que acabam se afastando afetivamente nesta sociedade em que a família e o lar estão cada vez mais esvaziados de significados afetivos. E, infelizmente, muitas igrejas também defendem ainda mais a cultura de que os crentes realmente abençoados por Deus são belos, ricos, poderosos e livres para ser e viver como desejam.
Todos estes fatos somados têm redundado em um número cada vez maior de pessoas descontentes, frias, que não acreditam mais em amores verdadeiros – nem mesmo no amor de Deus. Afinal, nem todos teremos a beleza, juventude, dinheiro, bens, dons e oportunidades de vida que alguns possuem – e precisamos aprender a ser gratos pelo que temos, felizes pelo que já conquistamos na vida profissional e emocional, agradecidos pelos dons, talentos, aparência e qualidade de vida que possuímos, especialmente quando contamos com as bençãos de Deus, que sempre nos enriquecem de diferentes formas: "A bênção do Senhor é a que enriquece, e ele não lhe acrescenta dores." (Provérbios 10:22).
Por mais que nossa sociedade esteja doente por conta do pecado, que promove o afastamento do real sentido de viver, é preciso que voltemos a amar, a declarar nosso afeto para cônjuge, filhos, parentes e irmãos em Cristo. Olhe menos para as estórias de sucesso mundano que aparecem nas telas do seu celular, e reflita mais nas histórias de superação e milagres elencadas na Bíblia Sagrada.
Aqueles que escolhem vivem sem vivenciar afeto, ou sem acreditar no amor divino que nos sustenta e ampara nos momentos difíceis da vida, vão gerando um coração amargo, uma mente triste, uma alma fria. Mas nós seguimos confiantes, amados, sabendo que o nosso Deus… suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus. A nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém. (Filipenses 4.19,20).
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).