Os estímulos que recebemos diariamente são inúmeros. Cada vez se torna mais difícil encontrar momentos de silêncio: os eletrodomésticos tocam música quando encerram as funções planejadas, televisores emitem sons cada vez mais altos, jogos são barulhentos, e até o celular emite sons a cada mensagem que entra nas redes sociais (sons que você pode tirar!?!).
Os telejornais trazem muitas notícias fúteis, e muitas vezes ouvimos sem prestar muita atenção. As pessoas com quem conversamos podem ser cansativas e barulhentas, e eventualmente o que ouvimos “entra por um ouvido e sai pelo outro”. Os estímulos são muitos, os barulhos são demasiados e tantos sons nos cansam!
Ouvimos muita coisa, e o significado de ouvir remete ao sentido da audição, que é aquilo que o ouvido capta. Quantas vezes ouvimos o que não queremos: estamos em um shopping onde toca uma música da qual não gostamos, mas não temos como não ouvir – por vezes ao ouvir até decoramos trechos de músicas que sabemos serem errôneas ou indecentes.
Mas ouvir é diferente de escutar. O verbo escutar corresponde ao ato de ouvir com atenção. Ou seja, escutar é entender o que está sendo captado pela audição, compreendendo e processando a informação internamente. Quando escutamos, estando prestando atenção ao som que captamos pelo ouvir, pensando e elaborando o que ouvimos. Isto significa que usamos nosso raciocínio para investigar os valores do que ouvimos, aceitando ou rejeitando as afirmações ou impressões.
Esta diferença precisa ser levada em consideração por pessoas que ouvem o que não gostam de ouvir, o que acontece com freqüência em ambientes de trabalho ou em reuniões de parentela. Quando piadas indecentes, palavrões e fofocas fúteis começam a ser ditas, e você não puder sair de perto, precisa aprender a ouvir e não escutar, voltando sua atenção para seu trabalho ou até mesmo para uma música que cantarola internamente. Quando for possível, introduza um tema na conversa, elevando o nível moral e intelectual, mas não se permita contaminar com a escuta indesejada.
Ao longo do meu ministério e de meu trabalho profissional, sempre recebo correspondências de pessoas, especialmente mulheres, que convivem com conjugues abusivos. Estes vão destruindo a auto estima alheia, dizendo frases como “não sei porque me casei com você”, “você não presta pra nada”, “eu não te amo mais”, “você devia morrer logo”, “ninguém gosta de você”, “você é ruim de cama e eu mereço alguém melhor”, “você esta gorda, velha e feia”.
Ouvir frases como estas, dentre tantas outras que machucam a alma, podem abrir feridas difíceis de serem fechadas, provocando inseguranças e desamor. Algumas pessoas repetem o que ouviram a vida toda de seus pais, sem terem a real consciência do quanto foram machucadas e machucam suas famílias. Assim, como pais ferem seus filhos, enquanto conjugues destroem o afeto conjugal, e como amigos afastam as pessoas amigas.
Se você convive com alguém assim, aprenda a expressar, nos momentos certos e de forma direta, o quanto as palavras que ouve machucam você. Mas exercite ouvir o som das palavras, sem escutá-las, não permitindo que elas adoeçam seu coração. Não se permita amargurar, pensar você de forma diminuída, e nem mesmo acreditar no que ouve.
Ore para que as pessoas que machucam com palavras fiquem caladas ao seu lado. Deus, que fecha a boca de leões famintos, também é poderoso para fechar a boca das pessoas abusivas e más com quem você lida. Ele pode mudar corações, alterar sentimentos e estimular admiração e afeto nas pessoas difíceis com quem você convive.
Você precisa saber quem é, e conhecer o que Deus diz sobre você. Deus ama, cuida, vela, abraça e conforta você. Ele não magoa, fere ou anula suas capacidades – pelo contrário, Deus tem planos maravilhosos a seu respeito: Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos", declara o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos. (Isaías 55.8,9).
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).