Quando Adão e Eva pecaram, o corpo físico deixou de ser imune à dor, e a alma ficou exposta a sofrimentos. Desde então a humanidade sofre, estando sujeita a aflições, desesperança, agonia, decepções, desgostos, amarguras e angústias.
Jesus, enquanto esteve na terra como Filho dom Homem, também sofreu. Ele foi traído, ferido pela ingratidão, machucado pela indiferença e maldade das pessoas a quem tanto amou. E no último e mais íntimo discurso registrado de Jesus aos seus discípulos, ele afirmou: Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! (João 16.33).
Sofrer machuca a alma. Abre feridas no nosso âmago, tira nosso sono e causa doenças psicossomáticas atrozes. Contudo, enquanto sofremos, os dias não param, o trabalho nos espera, e as atribuições da vida nos cobram resultados. Não podemos parar para curtir a dor, ou cruzar os braços e só lamentar nossa sorte – precisamos continuar a executar nossas tarefas de mães, profissionais, esposas, servas de Deus, filhas, e tantas outras.
As doenças que enfrentamos podem ser simples, do tipo que nos medicamos e rapidamente superamos, ou podem ser crônicas, de longa duração e tratamento. Quem passa pelo câncer sabe do quão longo e dolorido é o tratamento da quimioterapia, ou a dor emocional causada pela retirada de um seio. Sei que muitas de vocês, queridas leitoras, podem estar, neste exato momento, sofrendo com as consequências das doenças autoimunes ou de tratamento como a hemodiálise. Não é nada simples enfrentar algumas doenças que insistem em permanecer e para as quais ainda não há cura médica!
Contudo, enquanto adoecidas, precisamos buscar a graça diária, em Deus, para nos mantermos fortes e motivadas, até mesmo para o enfrentamento dos tratamentos propostos pela medicina. Ainda temos que cuidar da rotina da casa, acompanhar os trabalhos da igreja onde servimos, mantermos a chama do desejo conjugal, e incentivar nossos filhos a manterem a fé em Deus apesar do que nos vêem sofrer!
Quando passamos pelo desemprego, a força emocional, edificada na confiança que temos em Deus, precisa ser a nossa fortaleza. A família nuclear (pais e filhos) precisa ser informada sobre a necessidade de apertar os cintos, os filhos necessitam aprender a viver com menos, e novas estratégias para a obtenção de recursos precisam ser delineadas. Muitas são as mulheres que passam a ganhar dinheiro com aquilo que já fazem tão bem, como costurar, cozinhar e até administrar a casa, o closet ou os bens alheios. Podemos crescer nas escassez, nos surpreender com o quanto podemos viver bem, e até melhor, com menos dinheiro, e mais afeto e comprometimento familiar em torno de uma necessidade partilhada.
Enquanto sofremos o luto, podemos repensar as prioridades da nossa vida, e perceber o quanto vivemos uma vida fútil, baseada em mesquinharias que não agregam valores para a vida eterna, sobre a qual tanto pregamos. Enquanto sofremos pela ingratidão e desafetos alheios, podemos analisar melhor nossas escolhas de “amigos”, e observar se não estamos valorizando pessoas estranhas à família, enquanto deixamos de abraçar e apoiar nossos cônjuges e filhos.
Os problemas da vida devem nos fazer repensar a essência das nossas motivações, afetos e valores. Os sofrimentos são passageiros, mas podem ser grandes mestres: …nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu. (Romanos 5.3-5).
Enquanto sofremos, vamos perseverar, adquirir um caráter aprovado por Deus, e vivenciar a esperança de que a noite vai passar, e a manhã vai trazer alegrias e restauração!
Elaine Cruz
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