Sempre me emociono quando leio estes versos: Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. (Salmos 139.13-16).
Estes versos revelam o papel primeiro da maternidade, que é doar o útero para que uma nova vida se inicie. No ventre materno, todos nós fomos formados e entretecidos, costurados pelo próprio Deus, que acompanha os detalhes do desenvolvimento do corpo, sempre tão maravilhosamente construído. Podemos dizer que o ventre materno é nossa primeira casa, nosso lar inicial tão seguro e aconchegante!
Quando nascemos, o cheiro das nossas mães está impregnado em nós, e quando elas exercem uma maternidade de forma amorosa e presente, o colo materno é sempre uma tentativa de buscar segurança nesta terra em que somos peregrinos. A mãe forma os valores edificadores da alma, gera raízes emocionais, e quando sábia, passa a ser a primeira Bíblia que lemos!
Quando escrevo este artigo, fazem quatro dias que perdi minha mãe. Ela foi um útero seguro, me proporcionou uma infância feliz e sempre foi uma amiga e um porto seguro. Era firme em sua forma de educar, extremamente amorosa em suas atitudes, mas muito consciente dos valores e conceitos que se esmerou em internalizar em seus quatro filhos. Acima de tudo, era crente fiel, compassiva, amante de uma boa música (tocava violino lindamente) e completamente devotada às pessoas com quem pastoreou ao lado do meu pai. Ela faleceu serena, em casa, cercada por todos os filhos, genros e netos, envolta em músicas que havia nos ensinado desde a infância.
Me casei aos vinte anos, deixando meus pais nos Estados Unidos, e voltando para o Brasil. Mas sempre tive a oportunidade de visitá-los, de forma que meu marido e meus filhos pudessem construir boas lembranças dos meus pais. E quantas memórias temos hoje da minha mãe, que gostava de montanha-russa e de tomar banho de chuva, cozinhava quitutes deliciosos específicos para cada integrante da família, orava e clamava a Deus em um ministério de intercessão contínuo, e que amava rir, bem como cantar e nos ver dividindo vozes.
Tive o privilégio de ver e ouvir seu último suspiro – a vida deixando o corpo, quando a alma e o espírito se separam da matéria destrutível com que somos formados. Foi dolorido ver seu corpo inerte, mas é reconfortante saber que, agora, as dores, doenças e tristezas não mais a atingem! A partir da sua morte, as palavras de Paulo sempre me surgem à mente: Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna no céu, não construída por mãos humanas. (2 Coríntios 5.1).
Sei que a morte não é o fim – mas sim o começo da vida eterna para aqueles que servem fielmente a Deus. Sei também que a saudade só vai aumentar ao longo dos anos, mas agora tenho ainda mais determinação para chegar aos céus, de modo a encontrar o nosso Salvador e abraçar minha mãe. Afinal, a vida terrena é só a antessala da eternidade!
Elaine Cruz
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