Adão e Eva, que só conheciam o bem, passaram a conhecer também o mal quando pecaram contra Deus. Ao comerem do fruto do Bem e do Mal, iniciam uma nova etapa da jornada de vida, em que agora precisariam decidir entre o certo e o errado, fazer ou não fazer, pecar ou obedecer, chorar ou rir.
Viver, depois do pecado, inclui escolhas cotidianas, encarar dilemas e conflitos, e optar conscientemente por manter nossos valores e conceitos. Afinal, nascemos em um mundo cada vez mais confuso, em que filosofias e paradigmas se contrapõem com fúria, e onde muitos discursos e conceitos opostos insistem em se manter próximos!
Há opostos que evidenciam a importância que deve ser dada a cada vertente: damos importância a vida quando encaramos a morte, aprendemos o real valor da saúde quando ficamos doentes, e valorizamos muito mais nossos salários depois de um desemprego. Sabemos que as chuvas do inverno preparam a terra para as flores da primavera, e que o calor do verão é tão importante quanto o clima ameno do outono.
Há ainda os opostos que se atraem. Em um casamento, a despeito das semelhanças de caráter e visões de mundo, no campo das singularidades é esperado que uma pessoa mais agitada encontre descanso na atitude mais serena do outro. Um sócio mais capacitado para a área comercial de um negócio, pode ser muito útil e complementar a um outro sócio mais voltado para a parte criativa ou administrativa. Amigos tímidos e calados sempre procuram a companhia de outros mais falantes e divertidos.
Por outro lado, há opostos que não devem conviver. Uma pessoa com bom caráter não deve se tornar muito íntima de pessoas sem caráter, pois vai acabar corrompendo seu próprio caráter. Uma criança criada em um lar pacífico, ao se deparar continuamente com filmes e desenhos violentos, vai se tornar agressiva. Um cônjuge fiel, que se delicia em ouvir histórias de cônjuges traidores, vai começar a construir a hipótese de que trair é algo natural a um casamento, e rapidamente elaborar a hipótese de um provável adultério.
A verdade é que fazer as escolhas acertadas, em um mundo pontuado por opostos, é de grande responsabilidade. Somos permeados por um mundo espiritual, onde as trevas não comungam com luz. Afinal, a Bíblia já pergunta (e responde!), que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? (2 Coríntios 6.14,15).
Precisamos valorizar com os opostos da vida de forma sábia, vivenciando cada especificidade, especialmente quando estes forem relacionados à vida física e natural, como as tarefas do dia e noite, os sentimentos de alegria e tristeza, as consequências da dor e do refrigério, as venturas da saudade e da proximidade, as vivências do exercício alheio do bem e do mal. Contudo, também necessitamos descer do muro, e nos posicionarmos de forma precisa quanto às questões de ordem moral e espiritual, especialmente quando estas se relacionam com nossa fé e com os padrões elaborados por Deus para nós em sua Palavra.
Nossas amizades devem ser bem muito bem selecionadas, e nossas atitudes por vezes precisam ser radicais para nos moldarmos à Bíblia. Nosso falar deve ser sim ou não, e não podemos negociar os valores genuinamente evangélicos que defendemos. Não podemos ser justos admitindo injustiças, ser santos e participar da roda de escarnecedores, ou buscar uma vida de intimidade com Deus e estimular a normatização do pecado pela sociedade.
Afinal, se a convivência com os opostos não nos complementam, e ainda ferem os princípios divinos e morais que defendemos, precisamos ser polarizados, nos posicionando corretamente diante da sociedade e, especialmente, diante de Deus!
Elaine Cruz
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