Minha mãe faleceu há pouco mais de um mês. São muitas as questões legais e burocráticas que envolvem o óbito, e muitos documentos, contas bancárias e agendas precisam ser refeitas.
Nos últimos dias, pelo fato de eu morar em um outro país, a pedido do meu pai, eu tenho me ocupado em organizar as coisas que eram da minha mãe. Afinal, meu pai vai continuar a viver com muitas lembranças, mas roupas e muitos objetos precisam ser retirados da casa para que a rotina cotidiana se instaure com uma dose de calma e praticidade.
É impressionante quantas coisas uma pessoa pode acumular em quase sessenta anos de casamento e setenta e cinco anos de vida. Muitas bolsas e perfumes foram doados para as amigas, várias roupas foram enviadas para campos missionários, e muitos objetos pessoais distribuídos para a família: uma vida sendo desfeita, diluída em objetos que contam histórias que vão acabar sendo esquecidas!
Cada roupa, bolsa, sapato ou jóia guardam lembranças para quem os possui. Contudo, a verdade é que entrar no closet alheio, e desfazer rapidamente de coisas que foram sendo compradas ou presenteadas ao longo anos, nos faz pensar na insignificância das coisas frente a realidade da morte. Não levamos nada, seja algo caro ou barato, um acessório de grife ou de marca popular. O corpo segue para o túmulo, mas ficam as roupas. Os dedos vão perder a forma, mas não carregamos os anéis.
Sei que a minha mãe voltou para casa, que adentrou os céus, mas tudo que ela amava ficou na terra. Não levamos mudança para os céus, e o pouco que possuímos, bem como os bens que ajuntamos ao longo da vida, se tornam muito efêmeros quando comparados com a qualidade da Vida que nos aguarda!
Muitas roupas da minha mãe que eu dobrei me fizeram voltar no tempo, e muitos objetos dela estão carregados de recordação. Contudo, nada mais significam para ela, pois ela nem se lembra deles, e nunca mais vai precisar deles durante a eternidade que já desfruta, e isto me fez pensar: Por que muitos se endividam para obter coisas materiais que são supérfluas? Por que tantas pessoas se tornam acumuladoras de coisas inúteis? Por que há muitos que não conseguem sequer doar roupas que não vestem mais?
No momento que a vida terrena se finda, os objetos não importam, o dinheiro para nada se aproveita, e nenhuma outra memória pode ser acrescentada. Portanto, o que precisamos priorizar, enquanto estamos vivos, são os afetos e as lembranças que deixamos nas pessoas com quem convivemos. Devemos nos esmerar em transmitir valores morais e éticos, bem como partilhar testemunhos vivenciados através de uma fé genuinamente evangélica, que inspire nossa família e amigos a seguir nossos exemplos de vida.
Assim sendo, ao acabar de ler este artigo, convido você a visitar seu closet e repensar sobre as roupas e sapatos que você pode doar a outros. Faça o mesmo com as tralhas que guarda e que não usa em sua cozinha. E, assim que for possível, tire do armário as louças de “visita”, ou as colchas caras que você nunca usa, e enfeite seu quarto e sua mesa de jantar enquanto você ainda vive!
Você pode e deve se vestir bem e aproveitar bem os bens que Deus lhe permite possuir. Realize tudo que você puder, seja eficiente em seus papéis sociais e bem reconhecido em sua profissão. Faça o melhor para os que convivem com você e seja o mais belo exemplo para os que ama. Afinal, a Bíblia já nos adverte: Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.(Eclesiastes 9.10). Contudo, lembre-se sempre que a vida passa rápido, a morte chega para todos, e precisamos estar prontos, cientes de que nada levaremos da vida, a não ser nossa alma, que deve estar sedimentada em Deus. Portanto, o que nos resta é aprimorar nossos projetos, conhecimentos e sabedoria enquanto estamos vivos e aguardamos nossa volta para a Casa celestial.
Elaine Cruz
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