Assim como alguns pássaros, nós nascemos dentro de um lar, rodeados por outros que nos alimentam e nos ensinam a voar. É nosso primeiro ninho, e espera-se que ele seja seguro, aconchegante, e repleto de amor e cuidados.
Quando crescemos, depois de aprender a voar e sermos independentes física, financeira e emocionalmente, também construímos nossos ninhos com a pessoa que escolhemos para conjugar a vida. Formamos um lar, um espaço onde construímos afeto, desenhando um futuro que será feliz quando conduzido a partir da orientação divina.
Ao longo dos anos, os filhos chegam, alegram a casa, enchem a nossa vida de tarefas e surpresas. Eles trazem os amigos, nos ensinam tecnologia, e amadurecem nossas potencialidades: aprendemos a cozinhar para alimentá-los, revemos muitos dos nossos conceitos escolares quando estudamos com eles, e nos emocionamos com as conquistas deles, que apoiamos com orações e afazeres.
Contudo, por mais aconchegante que seja o ninho, os filhos voam para construírem suas próprias famílias. Em geral, vão saindo um por vez – embora eu tenha uma amiga que casou suas três filhas no mesmo dia!
A cada saída de um filho, quando o quarto fica vazio e as vozes não são mais ouvidas no cotidiano, nosso ninho se adapta a um novo arranjo físico e emocional. E quando o último filho se vai, o casal vai precisar se readaptar a uma nova realidade: a casa fica grande, os espaços da casa são reorganizados, mas agora o casal vai ter mais liberdade para namorar e dedicarem mais do seu tempo um para o outro.
Se você está vivendo este momento, ou se preparando para ele, agradeça a Deus pelo tempo em que seu ninho esteve repleto dos filhotes, e despeça seus filhos com amor. Eles vão voltar como visitas, agora ao lado dos cônjuges escolhidos (que devem ser tratados como filhos), e muitas vezes com netos e bisnetos. Receba a todos com amor, desdobrando-se para agradar a todos, mantendo a temperatura amorosa de um ninho aconchegante e saudoso.
Infelizmente, há muitos que, além dos filhos, precisam de despedir de seus cônjuges. A pessoa que idealizou o ninho conosco se despede da vida terrena, e (o que eu espero com todo o meu amor), passa a nos esperar na eternidade preparada por Deus para todos nós. Agora, o ninho está realmente vazio, e não há mais as mãos entrelaçadas, a conversa cotidiana na cozinha, o abraço reconfortante na hora de dormir, a ajuda para carregar o lixo para fora de casa ou o sabor dos pratos deliciosos que acalentaram tantas refeições.
Há outras realidades de ninhos vazios. Há filhos solteiros que perdem seus pais, filhas solteiras que cuidam de mães que são chamadas à glória, pais que perdem seus filhos para a morte, e pessoas que sofrem a dor terrível de um cônjuge que decide sair de casa para construir uma outra família com alguém. São situações reais, que abalam nossas vivências, mas que conseguimos superar com o bálsamo divino, que conforta corações e cura as feridas da alma.
Viver com lembranças é parte da nossa humanidade. Quando os ninhos ficam solitários e silenciosos, nos resta agradecer pelo que vivemos, louvar a Deus por tudo o que Ele nos proporcionou, e seguir em frente, amparados na graça e no conforto divino. Podemos viver felizes, construindo novas habilidades e redescobrindo afetos que ficaram escondidos ao longo da agitação cotidiana.
Se o seu ninho ainda está repleto de filhos, aproveite-os muito. Se você está aproveitando seu cônjuge nos anos maduros da vida, mesmo na velhice, aprendam a conjugar as lembranças do passado e os planos para o futuro, agora mais próximo.
E lembre-se de que Deus, sempre ele, pode preencher nosso ninho e nosso coração de afetos e canções alegres, abençoando todos os dias que ainda teremos!
Elaine Cruz
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