Minha avó materna teve uma infância difícil, trabalhando muito em casa para apoiar os irmãos que trabalhavam na roça. Ela não era evangélica, e ao se casar decidiu que não gostaria de ter filhas mulheres, pois achava que os homens eram mais honrados pela sociedade.
Quando minha mãe nasceu, minha avó simplesmente não a desejou, dizendo que gostaria que ela fosse homem. Hoje é fácil analisar e perceber que ela teve depressão pós-parto, mas há 78 anos nenhum médico apontava para este diagnóstico. Assim, no auge da depressão e desespero, minha avó materna simplesmente rejeitou minha mãe a tal ponto, que certo dia saiu de casa determinada a jogar minha mãe no rio Paraíba, na cidade de Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro.
Por intervenção divina, minha bisavó materna percebeu a intenção, seguiu a filha, e conseguiu impedir que minha mãe fosse jogada nas águas. E daquele momento em diante minha mãe passou a morar com a sua avó, só saindo da casa dela para se casar.
O interessante é que esta história não deixou minha mãe revoltada por ser mulher – ao contrário, quanto mais ela recontava esta história, mais ela agradecia a Deus por nascer mulher. Minha mãe, que faleceu há cerca de três anos, era extremamente feminina, do tipo que gostava de se arrumar bem (independente da condição financeira), estando sempre com os cabelos arrumados, e adornada com broches e relógios que combinavam com suas roupas e sapatos. Seu guarda-roupa era elegante, mas sempre colorido, com muitos chapéus, echarpes e roupas na cor rosa.
Aprendi com minha mãe que ser mulher é uma dádiva divina. Ela sempre trabalhou fora, era violinista e muito dedicada à obra de Deus. E ela me ensinou o valor da vida profissional, e sempre disse às filhas que, se possível, tivessem uma carreira próspera e feliz. Também nos ensinou a importância das artes, de modo que além de estudar música e tocar alguns instrumentos musicais, ainda fiz cursos de corte e costura, e tive que aprender desde cedo a arrumar uma casa e cozinhar. E ministerialmente fomos ensinadas a servir, desde cedo nos ocupando de várias funções na Obra de Deus! Ela sempre dizia que nós, mulheres, podemos ser e fazer muitas coisas…
Com o passar dos anos, não há como discordar da força e determinação feminina. Somos diferentes dos homens, e por isso não precisamos competir com eles, pois nos complementamos. Mas precisamos estar cônscias das nossas funções e habilidades, pois os lares e os filhos carecem de mulheres dedicadas, que estabelecem as bases morais e espirituais para a casa e a sociedade que habitamos.
Mulheres não são enfeites ou troféus de pais ou maridos. Mulheres são de carne e osso, sofrem e se alegram, e muitas são a alegria e o equilíbrio da casa, bem como quem provê o sustento financeiro e emocional de um lar. Muitas mulheres têm carga dupla de trabalho, e são muito eficientes tanto em uma reunião de negócios, quanto na administração do lar ou do fogão de casa. Mulheres podem ser firmes na condução da vida profissional, mas extremamente delicadas, femininas e amorosas na vida sexual com seus maridos!
Que todos os dias do ano nos lembremos que, ao passar dos anos, a beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao Senhor será elogiada. Que ela receba a recompensa merecida, e as suas obras sejam elogiadas à porta da cidade. (Provérbios 31:30,31). Assim sendo, cabe a nós, mulheres mais velhas, ensinarmos nossas filhas a se amarem, a servirem a Deus com alegria, a amarem seus esposos e seus filhos, e a aproveitarem a força da feminilidade que desenvolvemos em nossas múltiplas tarefas ao longo da vida social, emocional e espiritual.
É bom ter um dia para sermos lembradas. Porém, se nos posicionarmos como colunas espirituais do lar, como adjutoras dos nossos maridos, como mães firmes e amorosas, como amantes dedicadas aos esposos, como amigas de irmãs e das amigas, como profissionais competentes e servas de Deus que edificam o Corpo de Cristo, sempre e todos os dias seremos lembradas!
Elaine Cruz
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