Estou escrevendo este artigo em um hospital particular no Rio de Janeiro, onde estou como acompanhante de uma pessoa que amo e que, graças a Deus, teve a benção de Deus em uma cirurgia eletiva realizada.
No tempo que estou aqui, como as refeições para acompanhes e profissionais de saúde são realizadas em um refeitório, tive oportunidade de conversar com algumas pessoas e ouvir suas histórias - algo que eu faço com prazer!
Sempre que entro em um hospital tenho a impressão de estar entrando em um espaço que funciona como uma comunidade, que se complementa para que tudo funcione perfeitamente.
Há o trabalho primordial de porteiros, recepcionistas, enfermeiros, nutricionistas, camareiros, médicos, cozinheiros, copeiros, faxineiros, técnicos de informática e de exames laboratoriais e de imagens, psicólogos, assistentes sociais, dentre tantos outros profissionais - onde um depende do outro para que a engrenagem funcione favoravelmente.
Contudo, no meio de tanta organização, tabelas e hierarquia de funções, há sempre o caos acontecendo através das muitas histórias escondidas atrás das portas de enfermarias, quartos particulares e salas de cirurgia. Há pessoas angustiadas, perdendo familiares que amam. Filhos pequenos perdendo o chão ao perderem seus pais. Mães que abdicam de suas vidas para acompanhar filhos que estão em coma há meses. Pais que oram para que seus filhos recém nascidos superem limitações coronárias ou respiratórias. Cônjuges que seguram as mãos dos que amam pela última vez.
Andando pelos imensos corredores hospitalares, sempre penso que, em cada porta, há uma história carregada de dor, de lágrimas ou de superação. Histórias individuais, não conhecidas ou partilhadas, mas que acontecem paralelamente - e que no máximo podem ser relatadas superficialmente para os companheiros de enfermarias coletivas.
Hospital não é um lugar de lazer. Não é um local que vamos para nos divertir ou voluntariamente. Vamos porque precisamos, por necessidade extrema na busca de soluções que são, majoritariamente, dolorosas. Em hospitais, choramos, doemos e sofremos. Em hospitais dependemos de muitos profissionais, e especialmente de Deus.
Quando jovem, já fiz muitos trabalhos de visitas a hospitais. Como psicóloga, já fiz inúmeros atendimentos. Mas é sempre bom relatar o trabalho imprescindível que muitos evangélicos realizam, por vezes silenciosamente, dentro das portas fechadas de consultórios, enfermarias e centros de terapia intensiva. São pessoas que precisam das nossas honras e orações, e que no exercício profissional cotidiano têm acesso a histórias de dores, assistem a horas de desespero, e participam até mesmo dos momentos extremos sobre a grande decisão final perante a morte.
Hospitais retratam a nossa pequenez, espelham a triste fragilidade humana, nivelam pobres e ricos. Todos nós podemos adoecer, evangélicos ou não, e estamos sempre dependentes da misericórdia divina, pois como afirma o texto bíblico: Todos partilham um destino comum: o justo e o ímpio, o bom e o mau, o puro e o impuro, o que oferece sacrifícios e o que não os oferece. O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com quem faz juramentos, acontece com quem teme fazê-los. (Eclesiastes 9:2).
Precisamos cuidar bem do nosso corpo, cercando os que amamos com todos os cuidados que nos cabem (como exames, consultas médicas, dietas, vacinas, etc.). Não podemos fugir de médicos, deixar de tomar remédios prescritos, ou simplesmente nos entregar a doenças sem lutar contra elas. Porém, devemos sempre nos lembrar que, mesmo dependentes da benção de Deus, podemos, em algum momento, necessitar entrar em uma rede hospitalar - e quando isto acontecer, coloque-se como Instrumento de Deus para abençoar outras vidas: Ouça as histórias, partilhe as dores, ore pelos que choram, console os de coração partido, apresente Jesus para os perdidos, e indique a Vida para os que estão a caminho da morte!
Elaine Cruz
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