Viajar sempre me faz pensar sobre as variáveis que não percebemos no cotidiano.
Enquanto estamos desfrutando de uma ensolarada manhã no Brasil, moradores dos países da Ásia já estão no final do dia, se preparando para uma boa noite de sono. Quando acordam para orar a Deus de madrugada, nós ainda estamos envolvidos com nossas atribuições da parte da tarde do nosso dia.
Quando estamos no inverno no hemisfério sul, com o sol se pondo antes das 18:00 horas, o hemisfério norte está curtindo o verão, com temperaturas altas que, em alguns lugares, levam à morte. Eu já morei em uma cidade, no norte dos Estados Unidos, em que no verão saímos da igreja por volta das 22:00 e íamos comprar sorvete para assistir ao pôr do sol, que acontecia por volta das 23:00 horas em alguns dias do ano. Em compensação, no inverno, havia dias em que após as 15:00 horas já não havia mais sol. Subir até uma alta montanha, já nos faz observar a pequenez da cidade onde moramos, pois conseguimos percorrer com os olhos todas as ruas principais. Uma simples viagem de avião nos faz perceber que os chamados arranha céus ficam minúsculos quando os olhamos grandes cidades sob uma outra perspectiva.
Estes fatos curiosos me fazem refletir sobre as perspectivas que adotamos na nossa vida. Quantas vezes valorizamos tanto um problema que enfrentamos, e quando alguém nos mostra um outro ponto de vista da situação que vivenciamos, conseguimos descobrir saídas, ou aprendemos a não reclamar tanto do que nos acontece.
Quantos de nós já não nos decepcionamos com pessoas, que no meio da congregação se comportam como verdadeiros crentes fies à Palavra de Deus, mas que quando fazem postagens na mídia apresentam uma postura anti ética ou ímpia? Quantos já não oramos tanto por coisas, e depois percebemos que a resposta negativa de Deus foi a melhor benção para a nossa vida?
O único que consegue olhar para o nosso planeta e lidar com tantas variantes de tempo, modo e lugar é Deus. Nós somos limitados, estamos circunscritos ao tempo, aos lugares que frequentamos, e só conseguimos enxergar a parte que as pessoas escolhem nos mostrar.
De forma semelhante, mesmos cientes das promessas de Deus, não conseguimos decifrar nem mesmo os detalhes do nosso futuro, pois a perspectiva de Deus é muito mais ampla e maravilhosa que a nossa, e nada sabemos: Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Em vez disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. (Tiago 4:13-15).
Todos nós já planejamos eventos que fracassaram. Já imaginamos fatos que nunca aconteceram. Já idealizamos atitudes de pessoas que nos decepcionaram.
Em todas estas situações, certamente nossas perspectivas não estavam corretas - ou, pelo menos, não eram tão abrangente quanto pensávamos. Precisamos aprender a ser mais cautelosos ao avaliar uma situação, pensando a mesma sob diferentes perspectivas, enquanto esperamos Deus agir ou ele nos dar a direção segura sobre o que fazer. Devemos analisar os outros com menos pressa, levando um tempo maior para adjetivarmos pessoas que, na verdade, pouco conhecemos - o que nos pouparia de muitas decepções decorrentes das nossas precipitações.
Sempre vale pensar que existem razões para as pessoas agirem de forma distinta da nossa, que podem ser por conta da criação que tiveram, do temperamento que ainda precisa que moldado, ou da imaturidade espiritual ou emocional que ainda impera. Por vezes, só o tempo nos faz conhecer melhor as diversas perspectivas de uma situação, ou os diferentes motivos para atitudes alheias.
Portanto, sejamos mais cuidadosos para avaliar os detalhes que cercam nossas vidas. E quando não conseguirmos compreender tudo e todos, confiemos na soberania divina, no Deus que é onipresente e onisciente.
Elaine Cruz
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