Nascer em berço de ouro é uma expressão cunhada para apontar pessoas que, literalmente, dormiam em Berços de ouro ao nascer - futuros reis, príncipes e princesas, ou nobres com grande soma de dinheiro - que seriam os milionários e poderosos dos nossos dias.
Até hoje é possível visitar palácios e castelos ao redor do mundo, e poder contemplar berços lindamente trabalhados a ouro, sendo alguns adornados com pedras preciosas e figuras pitorescas, como animais, flores e plantas. No Brasil, no Museu Imperial de Petrópolis, é possível visitar o berço dourado, onde dormiram os príncipes Dom Pedro Augusto, filho da princesa Leopoldina, e Dom Pedro de Alcântara, filho da princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea abolindo definitivamente a escravidão no Brasil.
Ao visitar alguns destes berços em diferentes museus ou palácios, sempre reflito no privilégio de algumas poucas pessoas, que tiveram em suas mãos a oportunidade de mudar a história de uma família ou de um país. Muitos não souberam honrar seus sobrenomes, e causaram vergonha à sua pátria. Mas há alguns que executaram feitos grandiosos, que são contados em livros de história, de geração a geração, ao longo dos séculos.
No Brasil, mesmo não havendo mais monarquia ou berços de ouro em palácios, ainda é muito comum usarmos a expressão “nascido em berço de ouro” para apontar pessoas que nasceram em lares ricos, com pais abastados financeiramente. E o inverso também acontece, como a afirmação de que “O fulano não nasceu em berço de ouro, mas trabalhou muito e enriqueceu!”
A verdade é que ser cercado de privilégios, nascendo em uma família que possa proporcionar uma boa educação e formação sociocultural, é uma benção de Deus: Quando Deus concede riquezas e bens a alguém e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e a ser feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus. (Eclesiastes 5.19).
Infelizmente, é sempre muito assustador observar como as pessoas, cada vez mais, estão desconsiderando os privilégios recebidos. E não falo só de bens materiais, mas de indivíduos que menosprezam outras riquezas, como saúde, família, afeto, Deus, casamento, filhos, talentos e oportunidades, que também são dons divinos excepcionais!
Há filhos que estudam em excelentes colégios, mas não se esforçam em aprender, escolhendo levar a vida adulta de forma pouco inteligente.
Há pessoas que crescem em lares confortáveis e seguros, mas não valorizam o esforço dos seus pais, agredindo-os, ou vendendo os bens paternos para pagar seus vícios com drogas.
Há cônjuges que abandonam pessoas amorosas, e se envolvem em casos extraconjugais com pessoas que lhes roubam tudo, inclusive a paz.
Há pais que possuem a benção de terem filhos saudáveis e afetuosos, mas que escolhem serem violentos, abusivos, e até mesmos distantes emocionalmente. Deixam de desfrutar afetos genuínos para colherem os amargos frutos da solidão afetiva ou do vazio emocional.
Há aqueles que menosprezam o dom da vida, e decidem pelo suicídio. Há os que possuem dons e talentos raros, mas que optam por enterrá-los. Há os que podem gozar de harmonia familiar, mas escolhem as rixas, murmurações, o mau humor ou as brigas constantes.
E ainda há pessoas que crescem no Evangelho, vivenciam as bençãos do Caminho, mas que menosprezam a Vida eterna, trocando a salvação da alma por coisas pecaminosas e efêmeras, que as afasta de Deus.
Sim! Muitos não compreendem que nascer em um lar modesto, ou mesmo pobre, mas que transpira afeto e educação esmerada, é mais importante do que ouro e bens. Outros se acostumam com as bençãos divinas, menosprezam a Graça imerecida, e não percebem que passam suas vidas longe da casa do Pai, enquanto se alimentam de bolotas para porcos, tal como fez o filho pródigo.
Afinal, afeto, amor, comunhão, perdão, saúde, e sobretudo a salvação, dentre tantos bens, são muito melhores do que berços de ouro!
Elaine Cruz
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