Jesus estava assentado no Monte das Oliveiras, e seus discípulos, como sempre, aproveitaram o Mestre sozinho com eles para dirimirem dúvidas e perguntaram-lhe: “Dize-nos, como serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”.
O Mestre começou a responder-lhes elencando vários acontecimentos, dizendo: “E ouvireis de guerras e rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que tudo isso aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores. Surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.6-12).
A princípio parece que não tem nada a ver com o tema proposto para refletimos: a maledicência, que é a qualidade do maldizente, ou daquele que se habitua a falar mal de tudo e de todos. O maldizente não experimenta o princípio do contentamento porque nunca está conforme com nada nem com ninguém. Detrata, agride, fala mal e quando não tem o que falar, se autodenomina o(a) justiceiro(a), levando uma vida sem propósito e não percebendo que esta é uma das características daqueles que não estão com atenção aos sinais enfatizados por Jesus como alerta para o seu regresso.
Você pode perguntar: sempre houve maldizente? Claro que sim, mas, como nos nossos dias, não. Há uma multiplicação da maldade, de falta de afeto, de bons tratos, boas maneiras, tornando muito mais fácil sermos levadas, muitas vezes sem má intenção, é claro, a compartilhamos notícias falsas, nas quais se fala e se detratam as autoridades, apenas por empolgação. Cuidemo-nos de tão grande mal! Por isso, Jesus disse: “Olhai, vigiai…”, ou seja, fiquem atentos.
O maldizente tem várias características, uma delas você identifica quando começa a falar com a pessoa e muitas vezes, antes de completar cinco minutos de conversa, ela ou ele já tem algo negativo sobre alguém para lhe dizer, pois gosta de atualizar fatos, verídicos ou falsos.
O apóstolo Paulo, falando a seu filho na fé, Timóteo, o advertiu quanto à extrema corrupção dos últimos tempos, dizendo: “Sabe porém isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos e profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que de Deus, tendo aparência de piedade mas negando a eficácia dela. Destes, afasta-te” (2Tm 3.1-4).
Que conselho tremendo! Ao ler essa palavra, eu comecei a olhar-me no espelho da palavra e orei como Davi: “Senhor vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.24). Prometi a Deus estar sempre afastada do maldizente para não pegar esse vírus.
Não ser maldizente é um mandamento de Deus; está no decálogo, é o quinto mandamento. “Não dirás falso testemunho contra teu próximo” (Ex 20.16). Por essa razão, não devemos andar com o maldizente; assim diz o Senhor: “Não andarás com o mexeriqueiro (um dos sinônimos de maldizente) entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo eu sou o Senhor”.
Querida amiga, vamos ponderar nossas palavras, pedir misericórdia a Deus, pois o apóstolo Tiago nos aconselha a respeito da língua: “Nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isso se faça assim” (Tg 3.8-10).
Que o nosso coração possa estar em inteira sintonia com o Espírito Santo, que nos guia em todas as coisas; destarte entenderemos que a nossa língua deve ser uma fonte de benção, e não de maldição.
Nem mesmo aqueles que se tornaram nossos inimigos devemos maldizer, pois o mandamento do Senhor é que abençoemos a quem nos maldiz. Sendo assim, colheremos bons frutos e semearemos a paz.
E não esqueça: A língua tem o poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto (Pv 18.21). A boca do justo é fonte de vida, mas a boca dos ímpios abriga a violência (Pv 10.11 - NVI).
Que Deus nos livre da maledicência, amadas(os)!
Meu abraço.
Judite Alves
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