Entenda Primeiramente Isso
De vez em quando é comum termos dúvidas recorrentes em nossas cabeças, tais como: “- Será que eu desliguei o ferro de passar?”, “Eu apaguei ou não o fogão?”, “Será que eu tranquei o carro?”, além de dias em que estamos com mania de arrumação, momentos em que não conseguimos ver nada fora do seu devido lugar.
Um quadro na parede, por exemplo, queremos que esteja devidamente alinhado, milimetricamente. Tudo isso é normal, porém para as pessoas portadoras dos Transtornos Obsessivos Compulsivos (TOC), esses pensamentos não são tão simples assim, tornando-se muito mais complexos, frequentes e desesperadores.
A pessoa que possui TOC sofre muito, a angústia passa a ser um dos sentimentos mais dominantes, chegando a gerar um sentimento de aprisionamento enorme, dominando-a com atitudes e ideias repetitivas e impulsivas, disseminando dessa forma uma forte ansiedade.
A compulsão é o impulso irresistível que a pessoa possui, desenvolvendo no indivíduo uma incontrolável vontade de executar determinados rituais, para que só assim, os pensamentos e as ideias que atormentam a mente de quem sofre da compulsão possam ser aliviados. Entre essas obsessões mais comuns estão: Compradores compulsivos, indivíduos com mania de limpeza, mania de arrumação de armários e móveis, compulsão por higiene, além dos mais comuns, que sempre estão verificando por diversas vezes o trancamento das portas, além do fechamento do gás, a situação das panelas, dos ferros de passar roupas, limpeza tão constante das mãos a ponto de formar feridas etc.
Estudo de Caso
Certa vez, em meu consultório, atendi um jovem que possuía grave compulsão, seu sintoma costumeiro era que quando se sentia angustiado, ia para sua casa, entrava correndo, tirava suas roupas do corpo e depois as jogava no lixo, alcançando um momento mais severo em que esse sentimento se agravava, chegando ao ponto de colocar fogo em suas roupas por algumas vezes. Durante o atendimento realizado no consultório, através da terapia, pude entender o que o angustiava, culminando posteriormente no abandono desses rituais e comportamentos, libertando-se de tais sentimentos e práticas. Outro caso que possuía uma origem parecida foi de um jovem que tinha mania de higiene severa, ao ponto de que quando alguém tocava nele, ele imediatamente corria para lavar suas mãos ou a parte do corpo que o tocaram. Lavava com álcool, chegando ao ponto de haver sangramentos de tanto esfregar o local. Em ambos os casos relatados, haviam conflitos não resolvidos que advinham de traumas no período da infância.
Por fim, outro relato que trago foi de uma mulher que atendi. Ela morava no quarto andar de um prédio, mas toda vez em que ela descia até o térreo, voltava para verificar se havia desligado o gás, o ferro de passar, as janelas e a porta. O problema é que isso não ocorria esporadicamente, demonstrando-se como um comportamento diário e compulsivo. Através do tratamento realizado, pude relacionar que o seu comportamento tinha ligação com o fato de o pai estar doente, e inconscientemente ela acreditava que o “voltar” sempre, de alguma forma estava associada na sobrevida de seu pai, garantindo assim maior conforto em seu coração que sofria. Faz-se necessário entender com tudo isso, que ninguém e nada possui total controle da vida, sendo Deus o único detentor desse poder.
A relação entre o TOC e a ansiedade é enorme, os rituais possuem o objetivo central de aliviar as obsessões, ampliando a ansiedade quanto à pessoa portadora do transtorno não os executa. É fundamental que as pessoas ao redor compreendam que isso é realmente sério, não tratando como algo “supérfluo” ou “bobagem”, afinal, os portadores acreditam totalmente que se não realizarem o ritual algo ruim, terrível e catastrófico poderá acontecer iminentemente consigo ou com alguém de sua família, dessa forma, mesmo a pessoa tendo consciência de que os rituais não possuem sentido lógico ou racional, não consegue deixar de executar.
Faixa Etária Principal
As Compulsões normalmente possuem início por volta dos 20 anos de idade, sendo em média diagnosticada em duas a cada cem pessoas. Vale ressaltar que dificilmente o transtorno inicia-se após os 40 anos de idade, o que normalmente acontece é que a pessoa já é portadora desde a infância ou adolescência e só na vida adulta passa a ser diagnosticada, sendo os transtornos obsessivos compulsivos em sua maioria iniciados através de algum gatilho traumático em sua mente, como no caso de ataques de pânico, casos que possuem grande frequência e relação. O estresse, por sua vez, também pode ser outro fator desencadeador para as pessoas que já possuem uma predisposição, sabendo-se que três a quatro milhões de pessoas são portadoras e nunca foram diagnosticadas.
TOC e o Casamento
Saliento que quanto maior é a demora no diagnóstico, mais a doença tende a se agravar, com isso concluo com uma experiência que adquiri com anos de consultório: são muito comuns os casos de mulheres que se colocam na figura de “cuidadoras do lar”, entretanto, em diversos desses casos em que analisei, na verdade algumas dessas mulheres eram portadoras do transtorno, culminando em alguns casos de casamento perdido, principalmente pelo fato de que não contar aos seus respectivos maridos a realidade, o que elas sentiam e os comportamentos e rituais que as dominavam cotidianamente. Sendo assim, tornava-se muito comum as enormes exigências no ambiente doméstico, sem nenhum equilíbrio em termos de respeito e igualdade, gerando brigas por motivos ‘desnecessários’, como a ordem das cores das camisas no guarda-roupas do casal etc, os maridos, em alguns desses casos, não conseguem conviver com tantas cobranças e brigas pela obsessão da esposa. Um senso de organização além do natural. Realmente obsessivo, ou seja, TOC.
Não tenha segredos com seu marido, procure ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra antes que algo de pior aconteça, ou até mesmo antes que você cometa excessos, perdendo o seu casamento ou seus filhos por fugirem do seu convívio, por entenderem se tornar insuportável a convivência. A Bíblia diz: ”Mas Jesus, ouvindo, responde: Os sãos não necessitam de médicos, mas sim os doentes”. Marcos 2:17
Procure ajuda e peça a Deus para te livrar desses pensamentos atormentadores
2Timóteo 1:7 “Porquanto, Deus não nos concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio”.
Acalme o seu coração e saiba que você não consegue controlar tudo, mas Deus tem o poder e Ele sim está no controle. Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
Beijo a todas.
Valquíria Salinas
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).