Valquíria Salinas

Valquíria Salinas é cristã evangélica, com vasta formação na Psicologia e áreas correlatas. Faz um sólido trabalho de aconselhamento e apoio ao lado de seu marido e pastor. Traz para o público evangélico, de forma clara e simples, temas e abordagens do aspecto psicológico do ser humano e sua relação espiritual com Deus, tudo de forma clara, simples e direta. Seja para adolescentes e jovens, para mulheres, casais ou família, no templo, no acampamento ou em empresas, a Psicóloga Valquíria Salinas fala sem achismos. Tem experiência de 16 anos de atendimento diário em seu consultório de psicologia, atuou em 2 Hospitais Psiquiátricos e foi voluntária no SOS - para recuperação de drogados e alcoólatras – durante 5 anos. Está à frente do Culto Regional de Mulheres, que reúne cerca de 3 mil mulheres mensalmente, na Assembleia de Deus na cidade de Sorocaba-SP.

 

Crianças na Cama dos Pais. Pode isso?

Provérbios 3.12 “Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem”..

A pergunta de muitos pode ser a sua também.  “O que tem de errado em meu filho dormir na cama comigo?”

Exceto por problema sócio-financeiro agudo ou gravíssimo de saúde, ou seja, uma exceção, não se deve deixar a criança dormir com os pais. 

O que acontece, por conta do cansaço e do comodismo de alguns pais, é que em algumas famílias os filhos acabam frequentemente dormindo no quarto com eles. Essa desculpa do cansaço é usada com grande constância. Outra justificativa comum é a de certo medo por parte dos pais, em deixar que as crianças pequenas e indefesas sozinhas. Já começo alertando que esses hábitos, tal como o de amamentar a criança por um longos anos e até de carregar a criança 24h por dia, não são saudáveis. Muitos pais imaginam que isso irá gerará “apego maior” e uma “segurança” para com os filhos, todavia o que acaba ocorrendo é o inverso, muitos filhos acabam não desenvolvendo sua autonomia e senso de segurança para o futuro.

Segundo alguns autores, esses comportamentos não irão aumentar o “apego seguro”, o que a criança na verdade precisa é confiar em quem dela cuida. 

O equilíbrio é fundamental! Carinho, amor e atenção são indispensáveis para qualquer criança e para uma boa criação, um exemplo de que esse equilíbrio não está sendo alcançado são os choros excessivos por parte da criança, salvo algum outro problema sério de saúde. Mas nos casos citados acima isso pode causar não apenas danos no cérebro do bebê, devido ao excesso de hormônios que são liberado com o estresse, como causar danos emocionais, advindos do sentimento de abandono. Cabe a necessidade de atenção, claro, mas que não seja exagerada. Por outro lado, ceder a todos os pedidos da criança tende a transformá-la em um ser humano intolerante e sem sabedoria para lidar com frustrações na vida, e acredite, isso é um desastre. O comportamento saudável está em uma linha tênue, cabe aos pais o papel de identificar o verdadeiro ponto de equilíbrio que beneficiará tanto a eles mesmos, como a criança e o seu futuro.

Brincar sim! Dormir não!
Não se confunda. Não estou dizendo que a criança não possa ir na cama dos pais brincar, abraçar ou ficar um pouco no quarto, na verdade o que ela precisa entender desde cedo é que no momento de dormir, ela tem que ir para o quarto (lugar) dela. Isso gera responsabilidade, autonomia e desenvolve a criança.

Cordão umbilical e Cordão Psíquico
Outro ponto importante a ressaltar é que ao nascer a criança não é capaz de perceber que ela é um ser e a mãe é outro ser, em média essa visão de “descolamento” existencial só passa a existir após o sexto mês de vida, não mais visualizando sua mãe como uma extensão dela. A partir desse período ela irá sentir o que na psicanálise chamamos de angústia de separação. Também nesse período é comum que as mães tentem se apegar mais ainda com a criança, momento em que muitas mães distanciam-se do equilíbrio (até por carência das mesmas). É fundamental que a criança perceba que a mãe não está com ela o tempo todo, isso é o que fará com que ela aprenda a se tornar um ser humano individual e capaz de ficar sozinha consigo mesma.

Quando qualquer falha ocorre nesse processo, essa criança tenderá a tornar-se um adulto dependente, que não suporta ficar sozinho, que sente angústia com frequência e que possui dificuldades para desenvolver-se, além disso esses problemas poderão ser repassados para seus futuros filhos, como a volta de um ciclo.

Cada um no seu Quadrado
A criança precisa saber que o “papai e a mamãe” têm o quarto deles e que este é um lugar de respeito e intimidade para o casal.

Como dica, sugiro que mantenham a porta do seu quarto trancada, para que, dessa forma a criança aprenda a bater antes de entrar e assim peça permissão, evitando, ainda, que ela pegue os pais em momentos íntimos. 

Sexo. A Criança dormiu. E agora? Cuidado! 
Alguns pais relatam que esperam seus filhos dormirem para que tenham relações sexuais, porém, quando a criança está dormindo seu cérebro está funcionando normalmente e a criança mesmo dormindo pode perceber sons, movimentos, e hormônios que são exalados no momento da relação sexual, e esse é mais um argumento que torna fundamental a separação do espaço de dormir.

Não são poucos os casos que atendi de adultos que quando crianças, dormiam no quarto dos pais e agora adultos recordam das relações sexuais de seus pais, alguns chegavam a fingir que estavam dormindo, prejudicando completamente a construção de respeito a intimidade dos pais e de respeito à própria estrutura familiar tradicional.

Como já dito, a criança que dorme no quarto dos pais acaba criando uma dependência profunda em relação a eles, diferente daquela que é capaz de dormir no seu quarto. Já a criança que aprende a dormir em seu quarto poderá ser muito mais saudável em sua mente, e também no que tange o bem-estar da família toda. Afinal, os pais terão a possibilidade de um sono mais tranquilo e reparador e não terão que sacrificar as demonstrações de afeto, de amor mútuo e as relações sexuais do casal.

Em uma família saudável os filhos desde cedo aprendem a respeitar as relações sócio-afetivas de seus pais. A criança tem uma tendência inata de querer dormir com adultos, pois afinal de contas o bebê é gerado no interior da mãe.

Medo do Escuro
Um dos motivos do “medo do escuro” está ligado a dormir com os pais, e isso dificultará ainda mais da criança ir para o seu quarto, criando um efeito “bola de neve”. Os pais, nessa situação, terão a responsabilidade de ensinar essa criança como enfrentar seus medos.

Então a Criança se sente Culpada
Outra coisa que acontece é que, quando os pais brigam e essa criança tem hábito de dormir na cama de seus pais, essa criança inconscientemente acredita que é culpada de algo, que conseguiu inclusive separar eles.

Papai viajou. Agora posso?
Outro problema muitíssimo comum ocorre quando um dos pais viaja a trabalho ou são separados, colocando a criança na cama como forma de preencher o lugar do outro e a carência emocional deixada. Esse comportamento não é nem um pouco saudável, pois a criança acaba ocupando um lugar que não é seu, além de que ela poderá sentir-se rejeitada com a volta do parceiro ou com um novo relacionamento, sem dizer que poderá interferir na sexualidade dessa criança. Na cabeça da criança, quando o papai volta está “roubando” seu lugar na cama. Isso confunde demais a psique dessa criança e poderá lhe trazer consequências severas na vida adulta. 

Dicas para Lidar com a Criança
1- Desde bebê torne o quarto da criança um ambiente agradável e confortável. Ela precisa sentir-se atraída por lá.

2- Crie uma rotina antes de colocar ela em seu quarto. Procure tornar o ambiente de sua casa mais tranquilo, calmo e com menos barulho. Luz fria e mais fraca, e pintura suave com cores calmantes ajuda (azul ou verde clarinho, ou rosa bebê).

3- Dê um banho antes de dormir para relaxa-la, dê o leite/mamar e a leve ao berço.

4- Quando maior a criança, comece a estipular horário para ela dormir e aproveite esse momento para lhe contar uma história ou ler uma passagem linda da bíblia (de preferência que demonstre valentia e coragem e não seja sanguinária). Cantar uma música de ninar, orar,abraçar e beijar. É necessário que seja um momento positivo, aconchegante e de carinho.

Os Regramentos da Vida começam no Berço
Não caia na armadilha de dormir no quarto da criança, nem quando você acordar com o choro causado pelo terror noturno sofrido por ela, no caso desse choro ser sistêmico, ou seja, constante, averigue se não existe nenhum problema da primeira vez (roupa apertada, braço virado, algum bicho etc), se não houver passe a espiar de longe, mas não desespere-se com esse choro, pois é importante o quanto antes já estabelecer esses parâmetros de horário de sono e distância (por mais difícil que possa parecer no começo). Os regramentos para toda a vida começam literalmente no berço!

Terror Noturno
Como cristãos que somos podemos sempre dizer a nossos filhos que Jesus está com eles. E está mesmo, não é!? Nunca subestime ou desvalorize a importância desse reforço diário.
Me recordo do meu filho quando criança. Por algum motivo acordava, me chamava e dizia: “- Mãe, sonhei com monstro!”. Eu conversava com ele e dizia que era apenas um pesadelo, procurava acender a luz (fraca) por um pequeno instante para tranquilizá-lo. Depois tínhamos o hábito de orar pedindo que Deus tranquilizasse seu coração e desse uma noite de sono tranquilo. Em segundos ele dormia sereno.

Procure ter momentos em família bem agradáveis e de proximidade fora do quarto, para que a criança perceba o afeto familiar e se sinta protegida, segura e amada.

Ela Apareceu na minha Porta

Quando a criança aparecer na porta do seu quarto durante a noite, acolha, abrace, pergunte o que aconteceu e em seguida retorne com ela para o quarto dela.

Reforce e diga para a criança que a casa está protegida e que a mamãe/papai irá proteger, lembrando que Jesus guarda ela e toda a família. Diga que ela é capaz de dormir sozinha, que está crescendo, que não é mais um bebê e, em seguida, leve-a até o seu quarto.

Os Regramentos da Vida começam no Berço
Como vimos, cuidar da criança não é fácil, mas também não é assim tão difícil quando se ama! Quando os cuidados necessários são postergados, deixados para depois, os prejuízos e os problemas serão ainda maiores e mais difíceis de serem resolvidos na vida adulta desses filhos.

Lembre-se sempre: Quem ama educa, coloca limites, acolhe, abraça, ajuda e faz a criança crescer da forma mais saudável possível. Como é gratificante ser mãe, amar, proteger, cuidar e criar um filho para ser, ao seu tempo, independente! 

Paz do Senhor e Beijo pra vocês!

valquiria

Valquíria Salinas 


*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).

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