O Presente não é o Passado
No passado recente, a maior preocupação dos pais tinha a ver com quem eram os amigos de seus filhos: da rua, do bairro, da escola, da igreja etc. Hoje, alguns pais acabam negligenciando os cuidados para com seus filhos. Pelo fato de seus filhos estarem muito tempo trancados em seus quartos, os pais fantasiam que estes estão protegidos dos perigos. O que alguns pais não percebem é que “aí mora o perigo”!
Alguns jovens, pela carência afetiva em relação à figura de seus pais, tendem a mostrar a sua fragilidade a “amigos” virtuais e pessoas que estão do outro lado da rede. As vezes essas pessoas estão ainda mais carentes do que eles e até – por que não dizer? - podem possuir mentes doentes e perversas, mas estão “escondidos” atrás de uma tela.
Isolamento da Realidade
Os filhos que vivem trancados em seus quartos, por horas e horas a fio, em sua maioria, têm dificuldades em relacionar-se com seus pais e amigos do olho-no-olho.
Geralmente não sabem a respeito do que ocorre com a sua família, da história de seus avós, tios e tias. Alguns não trocam o quarto por nada e, nem mesmo quando chega alguma visita em casa são capazes de sair de seu escudo de proteção da vida real.
Pais Desapercebidos
Alguns pais, por sua vez, estão distraídos e não percebem as suas funções, ficam culpando as redes sociais, a escola, a igreja, os políticos, os jogos no computador, o videogame, as séries, a baleia azul, a boneca momo etc. O problema todo começa na ausência afetivo-familiar. Quando digo ausência, não estou me referindo necessariamente a pais que estão longe e ausentes por trabalho, mas àqueles pais que são distantes de seus filhos, mesmo estando dentro do mesmo ambiente; pais que não têm um relacionamento afetivo, não têm diálogo e não conseguem perceber que seus filhos estão se perdendo dentro do próprio quarto. Pensam que: “Se está no quarto está bem guardado e protegido!” Ledo engano!
É importante lembrar que você não precisa estar a todo tempo com seu filho, que a qualidade desse tempo é o mais importante.
Autoridade com Amor
Mãe e pai assumam o papel de autoridade na vida de seus filhos. É necessário ensiná-los a tolerar frustrações, desde pequenos. Esse é um dos maiores males dos tempos atuais. Filhos criados sem poderem sentir frustração. Os filhos precisam ouvir os “nãos” necessários, para que quando a vida lhes der “não”, consigam entender que nem sempre terão tudo o que desejam. A frustração faz crescer e amadurecer para a vida!
Automutilação
Tenho observado muitos adolescentes que se mutilam com estiletes e similares, quando não têm o que querem ou quando o namoro termina. Tudo isso acontece pela dificuldade de tolerar frustração.
Não basta pagar as melhores escolas, os melhores cursos ou dar presentes aos filhos. Não basta se matar de trabalhar para comprar, a duras custas, o smartphone da moda para o filho, para que você não se sinta impotente e ele não se sinta frustrado. O que ele necessita é do seu olhar, do seu abraço, de diálogos abertos e amorosos, conversas de relacionamento familiar, com muito amor real e carinho. Nada substitui VOCÊ na vida de seu filho, tenha ele a idade que tiver.
Pesquisa Absoluta
Todas as pesquisas demonstram que a maioria absoluta dos filhos adultos, quando perguntados, gostaria que seus pais tivessem lhes dado mais tempo e carinho, mais conselhos e presença, do que presentes que o dinheiro compra.
Fugas Emocionais
Quando você não ocupa o seu lugar na vida do seu filho, ele encontra outra pessoa ou coisa para ocupar o vazio dentro dele. E essa coisa poderá ser algo não saudável, que fará com que ele se torne dependente da tecnologia, por exemplo; poderá até se tornar um cyber dependente (viciado em tecnologia), por apego ou fuga emocional. Alguns jovens acabam tão viciados que quando seus pais tentam controlar o tempo de uso, chegam a ter sintomas semelhantes ao de um usuário de cocaína; chegam até a agredir os próprios pais, pela falta momentânea da tecnologia.
Período Natural do Adolescente – Acalme-se
É bem verdade que existem pais que se preocupam com seus filhos, quando ficam trancados em seu quarto, e já fantasiam o pior. Calma! Existe uma fase da adolescência de oscilação do humor, conflitos de identidade, onde o adolescente quer a sua privacidade e precisa ser respeitado. Os pais precisam ter um bom manejo com seus filhos, desde que são pequenos, para terem autoridade sem serem invasivos. Adolescente não é criança, para que você invada o quarto ou banheiro a qualquer momento. Cuidado! O importante é que seu filho saiba que pode contar com você, porém é preciso saber que na adolescência ocorre um período de diferenciação dos pais.
Tome algumas Providências Hoje:
Tenha sempre um diálogo amistoso com seu filho.
Mostre a ele que pode contar com você.
Tenha o hábito de fazer pelo menos algumas refeições em família.
Faça programas em família: assista séries, filmes, jogos saudáveis, cozinhe junto, ou seja, tenham uma vida de família juntos.
Façam culto doméstico, estudem a bíblia juntos e orem juntos (não somente nas refeições ou quando alguém adoece).
Procurem ir à mesma igreja e, se possível, juntos.
Propondo uma Reflexão a Você:
Como o seu filho enxerga o seu relacionamento familiar?
Ele precisa ficar jogando para não entrar em contato com a realidade da casa?
Qual foi a última vez que você conversou por mais de uma hora com seu filho?
Quando foi que você orou com seu filho pela última vez?
Quando você deu oportunidade para seu filho questionar as suas crenças e valores, e lhe explicou racionalmente e amorosamente seus valores e fé?
Quando você disse pela última vez, ao seu filho, que o ama muito?
O seu filho é sua responsabilidade, cuide,coloque limites e dê amor, pois filho necessita de muito Amor e limites para se sentir verdadeiramente amado.
Muitos filhos, por não aprenderem a tolerar frustrações, hoje estão dentro de seus quartos isolados e à mercê de um mundo online, na internet e dos jogos. Salve o seu filho do vício, isolamento e excesso enquanto é possível, e faça tudo com equilíbrio. Não deixe o quarto roubá-lo de você!
Deus abençoe ainda mais a sua família!
“Que todas estas palavras que hoje ordeno estejam em seu coração. Ensine- as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” (Deuteronômio 6.6-7)
Valquíria Salinas
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