É inconcebível compreender relacionamentos sem acordos. Quando duas pessoas se unem pelo matrimônio, elas votam permanecerem unidas na pobreza e na riqueza, na saúde na doença, nas alegrias e adversidades. E ao longo do casamento outros acordos, mais específicos e cotidianos, são feitos de modo a manter a casa em andamento: quem pega os filhos na escola na segunda-feira? Quem pode ir ao banco? Quando os dois vão ao mercado fazer as compras? Qual o dia da faxina? Em que local vão passar as férias?
Alguns acordos ou votos são silenciosos. Quantas vezes não olhamos para os nossos filhos recém-nascidos e votamos silenciosamente que iríamos cuidar deles? Em quantos momentos não declaramos em voz alta nosso amor e cuidado, mesmo cientes de que nada entendiam? Ou olhamos no fundo dos olhos do nosso cônjugue e, silenciosamente, declaramos nossa fidelidade e amor? Ou assistimos nossos filhos jovens ou adolescentes dormirem, sentimos saudades da infância deles, e votamos internamente que vamos sempre amá-los, mesmo quando se forem?
Quando o casamento segue e os filhos crescem, acordos permanecem sendo feitos, de modo a organizarmos melhor o cotidiano. Nossos filhos precisam saber priorizar o estudo, a leitura da Bíblia e a respeitar o horário de fazer as lições de casa. Para tanto nós priorizamos a compra do material escolar, conferimos a lição de casa, preparamos as refeições e estabelecemos dias para o culto doméstico.
Não há como conviver sem regras. Temos nossas regras e acordos internos, e conviver com conjugues, filhos, parentela e amigos implica em adaptarmos nossas regras às dos outros, de modo a obter relações respeitosas, sem alterar a essência de quem somos e da nossa fé. Por esta razão, quanto mais parecidos e congruentes são os valores e regras particulares das pessoas com que partilhamos a vida, o casamento, a igreja, etc., mais fácil serão os acordos. Quanto mais concordamos com as pessoas com quem convivemos, mais afetiva e duradouras serão nossas relações.
Muitos problemas vivenciados por casais e famílias são decorrentes da não observância da necessidade de refazer acordos. Os cônjugues mudam, passamos por fases distintas, nossos filhos modificam seus padrões de comportamento e o modo como internalizam a educação recebida. Se quando bebês eles vestiam o que queríamos, agora já querem escolher suas próprias roupas. Se as regras eram simplesmente absorvidas, agora precisam ser discutidas.
Portanto, ao comprarmos televisores, precisamos estabelecer a grade da programação que podem assistir, bem como horários de ligar e desligar o aparelho, ou de compartilhar a programação familiar. Se damos um celular ou computador, precisamos saber as senhas e ter a liberdade de olhar e observar as conversas e os sites visitados. Se maridos e esposas precisam trabalhar até tarde, precisam informar isto ao cônjugue, dando, sim, satisfação de onde estão. Se um deles pretender gastar o dinheiro de economias para comprar algo necessário para a casa, esta compra precisa ser acordada pelos dois.
Pais precisam fazer acordos sobre como educar os filhos, quais as casas de amigos que podem frequentar, a que horas vão se deitar ou levantar. Irmãos precisam negociar o uso do espaço do quarto, do quintal e dos brinquedos. Casais precisam discutir a frequência do ato sexual, acordar sobre planejamento familiar, concordar sobre quantias a serem gastas com lazer e roupas. Acordos simples e complexos, quando cumpridos e assimilados, trazem leveza a relacionamentos, fazendo com que a convivência se torne leve e pacífica.
Sente com seu cônjugue e com seus filhos. Conversem amorosamente, reorganizem as alianças, reconsiderem os hábitos da casa, realinhando tarefas e funções. Lembre-se que acordos não são imposições, mas precisam ser discutidos com suavidade e firmeza, explanando os porquês de cada necessidade. E sempre ressalte que algumas coisas são inegociáveis, como respeito, cumprimento de deveres conjugais, parentais e filiais, ou acertos na rotina do lar visando ser uma família mais abençoada em Deus.
Se em algum assunto o acordo for difícil, ainda podemos e devemos orar juntos pela direção de Deus. Ele também estabelece acordos e mandamentos em sua Palavra e refaz conosco suas promessas. Afinal, nosso Deus é Deus de Alianças - e sempre as cumpre!