Antes de completar um ano de idade, uma criança já sabe muito sobre o que pode ou não pode fazer. Ela sabe que pode engatinhar pela casa, mas que não pode entrar no box do banheiro, brincar com a água do vaso sanitário ou balançar a estante da sala. Ela pode estar com amigos, mas não pode bater ou morder os colegas. Pode mexer em alguns móveis, mas não pode cutucar as tomadas elétricas.
Conforme vamos crescendo, outras impossibilidades vão surgindo. Não podemos atravessar a rua sem olhar para os lados, não podemos matar as aulas escolares, não podemos brincar na rua ou com alguns vizinhos, não podemos comer alimentos para os quais desenvolvemos alergias.
Em compensação, descobrimos que podemos aprender novos idiomas, desenvolver habilidades diferenciadas e nos locomover pela cidade em que moramos. Gostamos de poder comer o que gostamos, viajar para onde desejamos, e estar com pessoas que amamos.
Contudo, ao longo dos anos, também aprendemos que, a despeito de podermos fazer muitas coisas, nem sempre devemos fazer tudo o que podemos. A Bíblia afirma isto de forma semelhante: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. (1 Co 6.12).
Podemos estar na internet, mas não devemos dar mais tempo à internet do que à família. Podemos comer de tudo, mas devemos selecionar os melhores ingredientes. Podemos faltar aos cultos, mas não devemos fazer isto.
É interessante esta linha de raciocínio, pois são muitas as pessoas que estão sempre perguntando o que podem ou não fazer, inclusive na área espiritual. As pessoas gostam de perguntar: Posso ingerir bebida alcoólica? Posso só desejar outras mulheres sendo casado, mas em fazer sexo com elas? Posso ser crente de banco e não me envolver em atividades ministeriais na igreja?
A resposta para as perguntas acima seria: Poder, pode! MAS não devemos ingerir álcool, desejar outras mulheres é adultério e crente que não trabalha na igreja acaba esmorecendo na fé, se tornando improdutivo.
A verdade é que, quando lidamos com possibilidades humanas, poder e conseguir fazer algo não significa ser o certo a ser feito. Um exemplo disto é o fato de que podemos saber o que responder a quem nos magoou, mas não devemos responder de forma impulsiva, pois a Bíblia nos adverte a engolirmos a afronta. Podemos comer doces, mas não devemos exagerar na ingestão de açúcar, podemos gastar dinheiro com supérfluos, mas devemos priorizar o que é básico para a vida pessoal.
Portanto, mais do que pensar no que podemos, necessitamos ponderar mais o que devemos fazer, o que é certo ser feito, analisando as consequências das nossas ações. De que adianta usar nossa possibilidade de fazer coisas que nos fazem perder o céu? Ou assumir comportamentos ditos possíveis que nos levam a perder a paz ou nosso casamento?
Podemos… mas devemos? Podemos… mas nos convém?
Pensemos nisto!
Elaine Cruz
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