A afetividade é um dos maiores dons que permeia os relacionamentos humanos. O afeto une as pessoas, diluindo o peso da solidão, que é a dor emocional mais atroz que podemos vivenciar.
Ser afetado positivamente por outras pessoas é a base da nossa auto estima, e acaba por definir a imagem que construímos de nós mesmos ao longo de toda a nossa vida.
Consideramos algumas relações humanas como naturalmente amorosas, como a relação maternal, parental, entre irmãos, avós e netos, que acontecem dentro da família e da parentela mais próxima. Pais que não amam seus filhos são tidos como desumanos, e uma avó que rejeita seus netos é, no mínimo, considerada uma desalmada.
É triste observar, no entanto, que cada vez mais nos defrontamos com desamor e desapego dentro da esfera familiar. Delegacias que cuidam de menores estão repletas de casos de espancamento de crianças dentro da própria casa. Isto sem citar a grande quantidade de medidas protetivas contra cônjuges, avós e pais, visando evitar agressões entre membros de família.
Os relacionamentos pessoais em nossa sociedade atual estão angustiantes. Aqueles que deveriam amar são os primeiros a machucar. Daqueles de quem se espera abraços e elogios, muitos colhem críticas e afrontas deliberadas e cruéis.
Há filhos que passam a vida inteira tentando colher elogios de seus pais, ou pelo menos, uma palavra de reconhecimento pelos esforços afetivos que executam - e a admiração nunca é expressa. Há pais que abandonam emocional e fisicamente seus filhos. Há mães frias, distantes afetivamente, que vivem suas vidas sem perceber a carência que provocam em seus filhos. E há tantos netos que gostariam de um simples abraço ou olhar amoroso dos seus avós!
Podemos ensinar nossos filhos e netos a expressarem afeto, inclusive, com abraços e beijos. Devemos ser exemplo de pais afetuosos, que educam com firmeza e afeto, que dizem “Eu te amo” e elogiem os comportamentos corretos esperados. Mas, infelizmente, muitas vezes não é possível quebrar a dura cerviz de um pai ausente, de uma mãe egoísta ou de avós frios emocionalmente.
O ideal e esperado é que pais, avós e irmãos nos amem e declarem abertamente seu amor. Porém, há pessoas que amam, mas que nunca se declaram. E há pessoas que não amam, e que vão terminar suas vidas escolhendo não expressar o afeto que esperamos.
Assim sendo, não é possível viver esperando a palavra de amor ou elogiosa que desejamos de quem não quer investir afeto em nossa vida. Quando membros da nossa família decidem não expressar amor, podemos aprender a construir novos relacionamentos, com nossos cônjuges e filhos, e até mesmo com irmãos em Cristo, que poderão suprir nossa necessidade natural de afeto.
Não viva procurando migalhas emocionais. Valorize quem já ama você, e invista nas pessoas que expressam afetos verídicos. Quanto aos pais, irmãos e avós distantes emocionalmente, permaneça amando-os, fazendo a sua parte como familiar, mas não deixe que sua autoestima esteja atrelada ao afeto que não recebe.
Com Deus, eu e você sempre teremos afeto e amor. Ainda que uma mãe escolha não amar seu filho, Deus não se esquece de você. Ainda que pais, avós, irmãos e amigos decidam pela frieza e indiferença, há um Amigo que é mais chegado que um irmão (Isaías 49.15; Provérbios 18.24).
Sacie sua sede de afeto e amor em Deus. Ame-o com todas as suas forças, e você nunca ficará carente emocionalmente!
Elaine Cruz
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